Economist: Cimeira dá impulso a Portugal

Matthew Bishop, director da revista Economist nos Estados Unidos, vê no novo plano da União Europeia para combater a crise da dívida, uma tentativa de isolar o caso grego, o que é “obviamente um impulso” para Portugal.

mas, em declarações à lusa em nova iorque, à margem de uma
conferência internacional da revista britânica, o analista sublinha que
serão os mercados financeiros a ter a última palavra sobre se será efectivamente afastado o risco de contágio a portugal e outras economias
altamente endividadas.

“o plano trata a grécia como um caso
especial mas não sei se os mercados acreditam”, afirma bishop, que
defende que o acordo saído da cimeira de bruxelas não será o último.

“o
mercado vai ter de decidir se quer dar a portugal essa classificação
[de livre do contágio grego]. é obviamente um impulso para portugal que a
união europeia queira separar a grécia e lidar de maneira diferente com
esse caso, mas não me sinto convencido de que isso será o fim do jogo”,
adiantou.

os líderes europeus e da zona euro acordaram, esta
madrugada, um novo plano para reduzir a dívida grega e atribuir a atenas
um novo plano de resgate, que prevê que a banca aceite perdas de 50 por
cento nos investimentos na dívida soberana grega, o que o instituto
financeiro internacional (ifi), que representa as instituições, vai ter
agora de fazer cumprir pelos bancos individuais.

a zona euro e o
fundo monetário internacional vão atribuir a atenas mais 100 mil milhões
de euros, um pouco abaixo dos 110 mil milhões e o reforço do fundo
europeu de estabilidade financeira (feef), dos actuais 440 mil milhões
de euros para um bilião de euros, para proteger as economias espanhola e
italiana.

para matthew bishop, cuja revista tem perto de 1,6
milhões de leitores, o facto de a união europeia “adoptar a estratégia
que adoptou, de dizer que não são a grécia”, é sinal de que o governo
português “está a lidar com a situação bem o suficiente”.

contudo, afirma, há ainda “um longo caminho a percorrer” para a resolução da crise da dívida europeia.

“a
minha expectativa foi sempre que vai levar bastante tempo antes de
pormos este problema para trás de uma maneira realmente decisiva. vai
requerer uma série de acordos, de acertos, de ir até ao pânico e depois
alcançar um acordo”, disse à lusa.

para a maior economia mundial, a
norte-americana, o acordo de bruxelas “pode dar uma pequena ajuda”,
aliviando a preocupação de que as autoridades europeias são incapazes de
lidar com a situação, o que “teria um efeito fortemente negativo”.

“resta
ver se isto é um exercício de contenção de curto prazo ou se vai
realmente ajudar a mudar a maré na europa de uma maneira decisiva”,
afirma bishop.

lusa / sol