Economistas alemães divididos sobre política salarial a adoptar pelas empresas em 2012

Os economistas alemães dividem-se sobre a política salarial que as empresas devem seguir em 2012, trocando argumentos sobre a crise da dívida soberana na Europa deve ou não motivar uma subida significativa dos salários no próximo ano.

alguns exortaram hoje as empresas a aumentar os salários em 2012 na casa dos três por cento, acima da inflação, apesar da crise, para impulsionar a conjuntura, mas uma das principais confederações patronais mostrou-se reservada, exigindo moderação.

o consumo privado está a ser o principal motor da economia germânica neste final do ano, devido à quadra festiva do natal, mas também às incertezas quanto ao futuro do euro, segundo vários analistas.

para que esta evolução positiva da procura interna continue, no entanto, é preciso aumentar consideravelmente os salários, mesmo com as incertezas que rodeiam a conjuntura, defendeu hoje o director do instituto de economia de berlim (diw), gert wagner.

«precisamente por causa da crise, seria um disparate económico apelar à moderação salarial, e por isso os aumentos salariais em 2012 devem rondar os três por cento», disse o economista alemão.

em alguns ramos de actividade os aumentos poderão até ir mais além, noutros menos, acrescentou o director do diw, sublinhando que é preciso reforçar a procura interna na alemanha.

os aumentos salariais deverão depender, no entanto, de factores como a produtividade e a subida da inflação a média prazo, em lugar de se orientarem pelos altos e baixos da conjuntura, recomendou o mesmo especialista.

a confederação alemã da indústria e do comércio (dihk), porém, advertiu contra substanciais aumentos de salários no novo ano, em plena crise das dívidas soberanas na zona euro.

«exactamente porque a evolução da conjuntura é incerta, devido à crise das dívidas, devemos agir com moderação», contrapôs o presidente da dihk, heinrich driftmann, em declarações à edição electrónica do semanário der spiegel.

na opinião do dirigente empresarial, os aumentos de salários não devem pôr em risco o aumento dos postos de trabalho.

já o director do diw considera a contenção salarial dos últimos anos e a consequente retracção do consumo privado uma das razões para a actual crise europeia.

«a contenção salarial ao longo de vários anos contribuiu para o desequilíbrio das balanças externas, e se há razões para criticar a grécia por ter vivido acima das suas possibilidades, também há razões para criticar a alemanha por ter vivido abaixo das suas possibilidades», indicou wagner.

«a alemanha só terá uma balança comercial equilibrada se reforçar a procura interna, e com isso contribuiria para se sair da crise europeia», sustentou o economista berlinense.

lusa/sol