Eduardo Baptista Correia considera “urgente impor a meritocracia no mercado de trabalho”

O Grémio Literário, em Lisboa, abriu as suas portas à reflexão sobre as “soluções inovadoras para a fraca produtividade da economia nacional”, apresentadas pelo gestor e CEO do Taguspark.

O Grémio Literário voltou a reunir-se ao serão e à mesa, desta vez, para refletir sobre “soluções inovadoras para a fraca produtividade da economia nacional”. O tema, debatido à luz dos candelabros do Palacete Loures – “casa” junto ao Chiado, em Lisboa, de Alexandre Herculano, Almeida Garrett ou Almada Negreiros, entre outros –, teve como ponto de partida a visão do mundo dos negócios de Eduardo Baptista Correia, gestor de créditos firmados e atual CEO do Taguspark.

O empresário identifica um conjunto de fatores que considera serem decisivos para o baixo salário mínimo nacional praticado em Portugal, em comparação com os restantes países europeus, e, consequentemente, para os igualmente “baixos níveis de produtividade” verificados no setor laboral no país – uma relação que há muito se veio a tornar regra, aquém e além fronteiras.

Eduardo Baptista Correia “desafiou” os presentes a refletirem sobre o que considera serem as bases fundamentais para o futuro, em jeito de soluções concretas. O presidente do parque de ciência e tecnologia, localizado em Oeiras, acredita que “é urgente impor no universo empresarial português uma política de meritocracia, que premeie os trabalhadores que fazem por merecê-lo, aumentando assim os ordenados”. “É este o segredo para, em parte, aumentar o bem-estar das equipas nos respetivos locais de trabalho” – dando, aliás, como exemplo, o processo que fixou em 900 euros mensais o salário mínimo praticado no Taguspark, e que abriu um processo de seleção dos profissionais que se enquadravam nos príncipios fundamentais da empresa.

Porém, para que tal possa acontecer (e possa ser replicado a uma escala alargada) é necessário aos patrões fazer escolhas. Daí que Eduardo Baptista Correia julgue também ser urgente que se avance para uma profunda alteração à legislação laboral portuguesa, dando aos patrões uma maior flexibilidade para despedirem quem não está à altura, “Só assim poderá ser verdadeiramente aplicada a meritocracia”, afirma. O papel dos sindicatos e dos partidos mais à esquerda são mesmo alvo de críticas por parte do gestor: “Existe uma cultura de reinvindicação em Portugal, sobretudo, devido a um código do trabalho que penaliza as empresas. A realização de sucessivas greves, prejudiciais, são disso exemplo”, diz Eduardo Baptista Correia. “É uma visão que não contribui em nada para o desenvolvimento da economia portuguesa”, acrescenta.

Entre as soluções apresentadas por Eduardo Baptista Correira, conta-se ainda a intenção de aumentar a participação dos trabalhadores na definição de estratégias e tomada de decisões das próprias entidades patronais. “A inclusão no board das empresas de representantes dos trabalhadores permitiria envolvê-los nos projetos, contribuindo para o sucesso das empresas e, naturalmente, da economia portuguesa como um todo”.

A sessão contou com intervenções de vários dos presentes, que não perderam a oportunidade de revelarem as suas posições sobre esta matéria. E fechou com a intervenção do economista António Rebelo de Sousa, naquilo que foi um retrato do mercado de trabalho em Portugal (e as suas particularidades), ao longo dos anos da República.