‘Empregos’ aliciantes empurram candidatos para a ‘lavagem’ de dinheiro

Anúncios de origem pouco clara com aliciantes ofertas de trabalho na área financeira podem levar os aderentes a caírem em esquemas criminosos como a «lavagem» de dinheiro, alerta a Polícia Judiciária (PJ).

o cruzamento de informações policiais com o relato de quem admite ter respondido a um desses anúncios e afirmações produzidas num fórum de internet permite concluir que a oferta de trabalho se resume a «alojar» dinheiro temporariamente na conta pessoal dos aderentes, a troco de uma comissão.

num dos anúncios mais recentes, publicado na imprensa em nome da suposta multinacional dcm trade, oferecem-se empregos para «gestor de clientes», em «trabalho com o sistema de operação bancária».

promete-se entrada imediata e uma remuneração-base inicial de 2100 euros, pedindo-se a formalização de candidaturas para determinado correio electrónico.

«eu respondi a esta empresa, espero que não tenha retaliações nem consequências. como é óbvio não lhes vou responder mais», referiu sara v., numa denúncia enviada à agência lusa.

o anúncio que seduziu sara constitui uma nova «roupagem» para os que surgem directamente em muitas caixas de correio electrónico, portuguesas e estrangeiras, com a proposta de emprego para «agente financeiro».

no fórum de internet http://onlineinfodirectory.com/forum.html, em língua inglesa, um participante confessa ter recebido por e-mail uma oferta de trabalho similar, a que aderiu. obteve resposta, pela mesma via, de uma pessoa que deu pelo nome de darrell a. wilson e se declarou responsável da dcm comércio, llc.

seria uma empresa com instalações em nova iorque e londres, mas com números de telefone que nunca ninguém atendeu, explica.

«enviei-lhes os meus documentos e só soube ontem que essa m… é um esquema. fazem lavagem de dinheiro», desabafa, no mesmo fórum, alguém que se declara português e até pede desculpa pelo seu inglês.

a pj já dedicou uma nota do seu site a esta matéria, referindo que, quando os contactados aceitam uma proposta deste género, «é-lhes pedido o respectivo currículo e vários elementos pessoais, entre os quais o nome, o número de bilhete de identidade, a morada e os dados da sua conta bancária».

segundo a polícia, os elementos da conta bancária são «essenciais» aos objectivos de quem recruta já que «cada um destes ‘agentes financeiros’, tem como função receber nessa sua conta bancária quantias que, alegadamente, seriam provenientes de pagamentos de clientes dessas empresas estrangeiras em portugal».

«não adiram a este tipo de propostas, não divulguem os dados pessoais, não reencaminhem mensagens de correio electrónico de natureza idêntica e comunicar às autoridades as situações deste tipo para as quais tenham sido recrutados», aconselha a pj, lembrando que «quem se prestar a este tipo de actuação poderá estar a colaborar com a prática de um crime», punível com prisão.

ainda assim, a corporação admitiu à lusa, através de uma fonte da directoria do norte, que continua a receber queixas frequentes sobre situações deste tipo.

lusa / sol