Empreiteiro e engenheiro no banco dos réus por derrocada de prédio que matou três trabalhadores

Um empreiteiro e um engenheiro estão a ser julgados no Tribunal de Braga pelo crime de violação de regras de construção, na sequência da derrocada de um prédio registada naquela cidade em Setembro de 2008, que matou três trabalhadores.

joão magalhães, advogado do empreiteiro, disse à lusa que já requereu ao tribunal a anulação da perícia, feita por engenheiros da universidade do minho, que concluiu que os trabalhadores morreram dentro de uma vala.

«a primeira questão é que essa perícia foi feita à margem da lei, porque os arguidos não foram notificados da sua realização. depois, aquilo não foi perícia nem foi nada, foi uma mera recolha de depoimentos de outras pessoas. os dois jovens engenheiros que ficaram incumbidos de a fazer não tinham a menor noção do que era fazer uma perícia», referiu joão magalhães.

o acidente registou-se a 8 de setembro, na rua dos chãos, em braga, quando o edifício antigo ruiu, provocando a morte de três operários que trabalhavam na recuperação de um imóvel contíguo.

«só três meses depois é que o ministério público ordenou a realização de uma perícia», criticou aquele advogado.

essa perícia concluiu que os trabalhadores morreram dentro de uma vala, onde se encontrariam a betonar um pilar, registando-se então a derrocada do edifício contíguo.

o ministério público defende que essa vala devia ser entaipada e, por isso, acusa o empreiteiro e o engenheiro responsável pela obra de violação de regras de segurança.

a defesa garante que apenas havia um pequeno buraco, que daria pelos joelhos dos trabalhadores, e sublinha que a obra seguiu «à risca» o projecto aprovado pela câmara.

«a verdade é que o edifício contíguo estava num estado lastimável, há anos que a arrendatária vinha dizendo que só a providência divina evitaria que acabasse por matar alguém», disse ainda joão magalhães.

para o advogado de defesa, os culpados pela tragédia são a câmara de braga e o proprietário do prédio, por nunca terem tomado medidas para evitar a derrocada.

na próxima sessão do julgamento, marcada para 27 de abril, deverá ser novamente ouvido um dos engenheiros que participou na perícia.

lusa/sol