Empresário a residir em Portugal acusado no Lava Jato

O Ministério Público (MP) no Brasil deduziu, no âmbito da investigação Lava Jato, uma denúncia-crime contra mais oito responsáveis executivos de empresas, um dos quais é um alto quadro de uma construtora que desde há dois anos reside em Cascais, tendo familiares portugueses.

Trata-se de Augusto Amorim Costa, antigo diretor executivo da construtora Queiroz Galvão, suspeito de crimes de associação criminosa, corrupção, branqueamento de capitais, fraude e cartel na licitação de empreitadas públicas. Para o MP do Brasil, a Queiroz Galvão fez parte de “um gigantesco cartel” de empresas para vencerem concursos públicos mediante o pagamento de subornos a partidos políticos: “Juntamente com a Petrobrás, as principais obras foram loteadas entre as maiores empreiteiras do país que se organizaram num gigantesco cartel formado pela Odebrecht, UTC, OAS, Camargo Correa, Queiroz Galvão, Mendes Junior, Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, IESA, Engevix, Setal, Techint, Promon, MPE, Skanska e GDK”, afirma o MP Federal do estado do Paraná, no texto em que requer a acusação dos arguidos.

Augusto Amorim Costa é acusado de ter feito contactos e de ser o responsável direto pelo pagamento de subornos em nome da Queiroz Galvão. No início do mês de agosto, a imprensa brasileira noticiou que o empresário veio residir para Portugal dois meses depois da prisão de dois altos quadros da Queiroz Galvão.

Esta denúncia-crime do MP Federal da Procuradoria do Paraná surge na sequências de informações prestadas através do sistema de ‘delação premiada’ por Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, que deu origem a um núcleo da investigação Lava Jato conhecido como Operação Bidone.

Segundo a denúncia do MP, Amorim Costa “era o funcionário da Queiroz Galvão mencionado pelo colaborador Pedro Barusco como operador da empresa para pagamentos de propina”: “Conforme disse Barusco, Augusto Amorim Costa teria-se encarregado pessoalmente de pagamentos a Barusco no exterior, cujos depósitos ainda não foram totalmente identificados”.

O terceiro arguido

Augusto Amorim Costa é o terceiro arguido com ligações a Portugal a ser acusado no âmbito do caso Lava Jato.

O primeiro foi Raul Schmidt, empresário com dupla nacionalidade, portuguesa e brasileira, que residia em Portugal também há dois anos e foi detido em março, em Lisboa, estando pendente um pedido de extradição para o Brasil. É acusado pelo MP do Paraná de ser o intermediário no pagamento de ‘luvas’ a diretores da petrolífera estatal brasileira Petrobrás.

Em junho, o MP brasileiro acusou Idalécio Oliveira, empresário natural da zona de Viseu e um dos nomes denunciados nos Papéis do Panamá. Era proprietário de campos de petróleo no Benim, cuja exploração vendeu à Petrobrás, que teve um prejuízo de largos milhões de dólares com o negócio.