Rui Machado, director do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), pertencente à Cinemateca, disse hoje à agência Lusa que esta semana começou a ser feita a transferência do material de equipamento de laboratório fílmico que pertencia à Tobis.
O material inclui, por exemplo, máquinas de relevação e impressão de película, que serão colocadas nas instalações do ANIM, em Bucelas (Loures), e que a Cinemateca pretende utilizar.
Aliás, a Cinemateca já fez saber que este equipamento é importante não só para a preservação do seu património fílmico em película, mas também como fonte de receita para encomendas de outras entidades.
A transferência daquele equipamento – classificado de “tesouro nacional” – para os arquivos da Cinemateca estava prevista há longos meses pelo Estado, desde que foi decidida a alienação dos capitais públicos da Tobis.
Rui Machado afirmou que a transferência do equipamento deverá estar concluída na próxima semana.
Nos arquivos do ANIM já estão depositados o património fílmico e o arquivo de documentação da antiga Tobis.
A Tobis, a mais antiga produtora de cinema em Portugal, foi vendida à empresa de capitais angolanos Filmdrehtsich Unipessoal a 23 de Fevereiro de 2012, por cerca de quatro milhões de euros, tendo ficado com a área de negócio de restauro e digital.
No processo, apenas 19 dos 53 trabalhadores da Tobis mantiveram o posto de trabalho, tendo transitado para a Filmdrehtsich.
Aos restantes, que rescindiram por mútuo acordo ou foram alvo de um despedimento coletivo, foi-lhes paga uma indemnização.
O processo de alienação da Tobis foi considerado encerrado pelo Governo em setembro passado, quando foram pagas as últimas indemnizações.
O total das indemnizações somou cerca de 1,2 milhões de euros, de acordo com a Secretaria de Estado da Cultura.
Fontes sindicais indicaram esta semana à agência Lusa que desde a venda da Tobis à Filmdrehtsich os trabalhadores não tiveram muito trabalho em mão, fruto também da conjuntura geral do mercado, e que aguardam uma retoma do próprio setor.
No mês passado, a secretaria de Estado da Cultura anunciou a reabertura dos concursos de apoio financeiro ao cinema, o que permitirá o arranque de novas produções cinematográficas.
Lusa/SOL