Espancamento foi ‘preparado e encomendado’

A agressão da adolescente filmada e colocada na rede social Facebook foi «preparada» e resultou de uma «encomenda» de alguns arguidos, concluiu hoje o representante do Ministério Público durante as alegações finais realizadas na terceira sessão do julgamento.

o procurador da república afirmou que o espancamento de que foi vítima a jovem de 13 anos em maio passado foi um «serviço encomendado» por alguns dos rapazes arguidos e executados pela única acusada no processo, dado que a segunda agressora tinha menos de 16 anos na altura do crime, pelo que não pode ser julgada.

foi um «crime assustador», considerou, pela «violência colocada na agressão», filmada por alguns dos arguidos e depois colocada no facebook onde se vê as duas raparigas a baterem numa terceira, enquanto os cincos rapazes arguidos assistem, alguns incitam e dois registam as imagens em telemóveis.

apesar dos contornos atribuídos à actuação dos seis adolescentes sentados no banco dos réus, o procurador não pediu que sejam condenados a penas de prisão mas a trabalho comunitário.

na cadeia, «para já, não», acentuou, referindo o «tremendo vazio» que disse ser revelado pelos arguidos, recordando o facto de alguns terem dito «não fazer nada» quando no início do julgamento o juiz-presidente lhes perguntou qual a ocupação.

«não sabem onde vão estar daqui a dez anos» e «não é por culpa delas, o que ainda assusta mais», considerou, referindo-se aos problemas sociais que afectam a sua geração, «produto de que tudo cai do céu».

a defesa do principal arguido, rodolfo santos, o único com mais de 18 anos e quem divulgou as imagens na rede social, reconheceu que houve «comportamentos desviantes», mas disse em julgamento que a agressão resultou do clima criado no grupo nesse dia, agravado pelo «consumo de estupefacientes e álcool» pelos arguidos.

o adolescente disse depois aos jornalistas, à saída, «estar arrependido» e concordou que ele e os restantes arguidos devem ser condenados ao cumprimento de trabalho comunitário.

também à saída, a advogada da jovem agredida disse à lusa que foi aceite o seu recurso da decisão do juiz que rejeitara a entrega do pedido de indemnização para a sua cliente por o ter feito fora do prazo.

a advogada requer uma verba entre os 60 mil e os 100 mil euros pelos danos físicos e morais sofridos pela rapariga.

a leitura da sentença foi hoje marcada para 16 de janeiro.

lusa / sol