Familiares, amigos e música ‘Os Verdes Anos’ no funeral de Paulo Rocha

Perto de uma centena de familiares e amigos de Paulo Rocha marcaram hoje presença no funeral do realizador, no Porto, que terminou com o guitarrista Samuel Cabral a tocar a música do seu filme de estreia, ‘Os Verdes Anos’.

Presente na cerimónia, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, disse tratar-se de “um dia muito triste” para o cinema português.

“O Paulo Rocha, ao longo de várias gerações, alimentou com os seus filmes, mas também com a sua pedagogia e a sua magia, o trabalho de realizadores, produtores, estudiosos e críticos de cinema. Estar aqui hoje é, simplesmente, um testemunho da presença do Paulo e do modo como ele vai continuar a alimentar o cinema português”, afirmou em declarações aos jornalistas.

Também presente na última homenagem ao cineasta, que faleceu no sábado, o arquiteto e amigo Nuno Portas recordou Paulo Rocha como o seu “companheiro de toda a vida”.

“Lembro-me, quando foi a estreia do primeiro filme dele, que me levantei aos gritos a dizer ‘começou o cinema português’. Foi o começo de um novo cinema, o que a gente chamava o ‘Cinema Novo’”, afirmou, comovido.

“É um dia triste, mas os filmes [de Paulo Rocha] ficam e temos que os ver”, considerou, por sua vez, o ex-director do Museu de Serralves, João Fernandes.

Recordando que o realizador “queria muito mostrar os seus filmes”, João Fernandes diz ter tido, em Serralves, a “felicidade de poder apresentá-los algumas vezes”.

“Mas não há vezes suficientes para os ver e rever e espero que muitos mais tenham a felicidade de os ver como eu tive”, acrescentou.

Já a diretora da Cinemateca Portuguesa, Maria João Seixas, destacou a “dívida enorme” para com Paulo Rocha, que “embelezou o mundo com as suas imagens e, pelo cinema, fez acreditar numa outra história para a vida deste país”.

“Esse é o meu grande luto, é o nosso grande luto, e peço a todos que vejam o cinema de Paulo Rocha”, sustentou, destacando “Os Verdes Anos” como “o mais forte” filme do realizador, que lhe “iluminou o olhar quando, nos anos 60”, o viu.

“Depois, nunca deixei de me apaixonar por cada imagem dos filmes do Paulo Rocha. Temos a sorte de, sendo pequeninos, termos grandes, muito grandes, a criarem para nós”, concluiu Maria João Seixas.

Após as exéquias fúnebres, que decorreram na Igreja de S. João da Foz, o funeral de Paulo Rocha seguiu para o cemitério do Prado do Repouso, também no Porto.

Lusa/ SOL