«para garantir a segurança alimentar e enfrentar o aumento dos preços, cada país deveria constituir reservas que cubram as suas necessidades entre uma semana a um mês», afirmou o director-geral da fao numa entrevista ao jornal le monde, publicada hoje.
apesar do contexto difícil, graziano da silva considerou que a situação actual é «totalmente diferente» do que aconteceu em 2007-08, quando surgiram conflitos provocados pela fome em vários países.
entre os factores essenciais para a estabilidade, o director da organização apontou a estabilidade do arroz e a importância dos ‘stocks’.
«dois terços das pessoas que a fao considera encontrarem-se em situação de insegurança alimentar vivem na ásia e dependem do arroz para a sua alimentação», precisou.
perante os elevados preços que atingiram produtos como o trigo e o milho, graziano da silva pediu «mais flexibilidade» e que deixe de se utilizar o milho e as oleaginosas para produzir biocombustíveis.
questionado sobre se devem acabar os incentivos aos biocombustíveis, considerou que não por que farão falta no futuro, quando se desenvolverem os «de segunda e terceira geração», produtos que não usam cereais e não competem com os cultivos destinados à alimentação.
elogiou ainda a iniciativa sul-coreana de criar um imposto para as transacções de futuros e de produtos derivados a fim de lutar contra a especulação de curto prazo, com venda de contratos que foram comprados no mesmo dia.
«esse é o tipo de especulação que devemos evitar em períodos como o actual. o objectivo não é intervir nos mercados, mas impor uma certa disciplina aos comportamentos especulativos», justificou.
assinalou também que a coordenação internacional «melhorou sensivelmente», sobretudo graças ao sistema de informação sobre os mercados agrícolas (sima) criado pelo g20, sob presidência francesa, que «deve permitir evitar os movimentos de pânico e as decisões unilaterais».
lusa/ sol