Festivais…

O primeiro grande festival a que assisti foi em 1982 e ainda não tinha idade para votar. Para lá chegar, eu e um amigo, passámos por uma verdadeira aventura.

fomos de camioneta até ao porto, depois apanhámos dois comboios e, por fim, uma boleia que nos levou até ao parque de campismo de vilar de mouros. tudo era muito incipiente e as condições não eram as melhores. como nunca tive grande habilidade para bricolage e afins, a montagem da tenda foi outra aventura. os hippies estavam em larga maioria e foi por lá que vi os primeiros cabelos espetados, a custo de sabão azul e creio que açúcar. no meio havia toda uma comunidade dita normal. uns betinhos, outros nem tanto. como cabeças de cartaz estavam os u2, os echo & the bunnymen e os stranglers. o que nos deixou verdadeiramente extasiados foi ver bono subir as débeis colunas e cantar com toda a garra que tinha. ali, em vilar de mouros, viu-se o rebelde bono… foram dois ou três dias de verdadeira loucura que jamais esqueceremos. tomar banho era uma aventura, pois a água caía a conta-gotas. só existia um restaurante e havia filas para tudo e mais alguma coisa. depois desse festival, passei por mais alguns, tendo terminado a minha faceta de festivaleiro na zambujeira do mar, há uns sete anos, com um concerto memorável dos humanos. já nessa altura tudo era diferente. o marketing à volta do festival era quase tão forte como os artistas convidados. no último fim-de-semana fui ao optimus alive e reparei que os festivais hoje em dia são um acontecimento social à semelhança de um open de ténis. há aqueles que vão mesmo para ouvir as suas bandas e os seus dj preferidos e há aqueles que vão para socializar. a organização não deixa nada ao acaso e marcas de preservativos juntam-se a emblemas de carros ou de discos. o grande palco serve para promover tudo e mais alguma coisa. mas não deixa de ser engraçado como os mais jovens são exigentes e ‘obrigam’ as marcas a jogarem forte.

quanto à música propriamente dita, gostei da segunda parte dos depeche mode e de ouvir o meu amigo dj gipsy. sei que perdi alguns bons concertos, mas também chegámos mesmo em cima da hora do prato principal. o que perdi em termos de música ganhei na tal socialização, já que nestas altura há sempre surpresas dignas de filme…. l

vitor.rainho@sol.pt