Físico defende que o nosso universo está dentro de um buraco negro

O título não remete ao tema estafado destes anos, a crise financeira. Trata-se de um problema um pouco mais complexo. Cósmico como as proporções da crise financeira, implica um pouco mais: a nossa própria existência no cosmos. Mas, descanse quem ler estas linhas, ninguém está a anunciar profecias maias ou fins de mundo.

a proposta singular vem de um controverso físico teórico da universidade de indiana (eua), nikodem poplawsky. segundo ele, o nosso universo não é mais do que o interior de um buraco negro, fora do qual se encontra outro universo. complicado? muito. a teoria de que existem universos paralelos ao nosso já é antiga e, explicada de forma muito simples, pressupõe que não estamos sozinhos, mas não propriamente acompanhados por et – existem outros mundos em passagens temporais intransponíveis.

para poplawsky, cada buraco negro (regiões no espaço onde nada, nem mesmo objectos que se movam à velocidade da luz, consegue escapar) produziria um universo diferente. a sua teoria pode explicar-se se se conceber o espaço-tempo como uma varinha unidimensional que se torce. este mecanismo de torção é capaz de decompor a matéria em electrões e em quarks (partículas subatómicas ínfimas) e a antimatéria em matéria escura. dito de outro modo, esta torção seria a fonte de energia que se estende pelo espaço e que aumenta a taxa de expansão do universo.

e como já é minimamente assente, entre a comunidade astrofísica, que o universo está em expansão, esta é a prova que poplawsky achou suficiente para o fenómeno de torção.

há muito que se especula sobre a existência de universos além do que conhecemos e onde nos incluímos. a sua situação no espaço ou a distância em relação ao nosso são indetermináveis. por isso, só em histórias de ficção científica é que seres humanos conseguem passar de um universo para outro paralelo, e chegam, na imaginação dos autores, a encontrar-se a si próprios noutro planeta terra, mas em circunstâncias de vida completamente diferentes.

no campo da especulação científica, poplawsky tem sido contestado, mas revistas importantes da área, como a physics letters b, têm publicado os seus trabalhos.

ricardo.nabais@sol.pt