Flor de azeite

As evidências da nossa intimidade com o azeite remontam ao período neolítico (dez mil anos antes de Cristo). A oliveira-brava (em Portugal designa-se por zambujeiro) cobria o Mediterrâneo, o Médio Oriente e a Ásia Menor.

na ilha de creta, a cultura da oliveira e o uso do azeite confundem-se com a identidade das gentes. os cretenses têm a mais baixa taxa de mortalidade cardiovascular do mundo e a esperança de vida mais alargada; está cientificamente provada a correlação com o elevado consumo regular de azeite.

os benefícios do azeite para a saúde são pintados e escritos no egipto dos faraós e na grécia antiga. os romanos chamavam oleis flos (flor de azeite) ao néctar extraído a frio na primeira e mais suave prensagem, à semelhança do nosso azeite virgem extra. desde então, as suas virtudes terapêuticas encontraram confirmação da comunidade médico-científica, não só nas doenças do coração, mas também na prevenção da diabetes, da obesidade, do envelhecimento celular (cleópatra já suspeitava que fazia bem à pele…) e até de certos cancros, como o da mama.

contrariamente às restantes gorduras alimentares, a riqueza do azeite em ácidos gordos monoinsaturados e em antioxidantes colocam o néctar numa posição de primeiríssima eleição, tanto na cozinha como à mesa.

felizmente, os portugueses integraram, desde sempre, o azeite na sua dieta alimentar. também o levaram quando deram ‘novos mundos ao mundo’. muito provavelmente a cultura da oliveira chegou à áfrica do sul nas naus do caminho das índias.

a aclimatação perfeita desta cultura na bacia mediterrânica e nos seus povos faz que, nos dias de hoje, 60% do consumo mundial e da produção se concentre em espanha, itália, grécia, frança e portugal.

se, como eu, o leitor for adepto de azeite virgem extra, na península ibérica pode programar visitas aos lagares agora que começa a nova safra. em portugal, as denominações de origem que esperam por si mais a norte são trás-os-montes e beira interior. no sul visite as dop ribatejo, alentejo interior e moura.

anibal.coutinho@sol.pt