Gaudir

O verbo catalão ‘Gaudir’ significa desfrutar. Em Barcelona faz ainda mais sentido.

Quem gosta de conhecer novos países – quem gosta de ir, simplesmente ir – tem a tentação de achar que pode viver bem em qualquer parte do mundo. Sobretudo aqueles que viajam por uma semana ou durante 15 dias, com viagens programadas e com gastos a régua e esquadro para conseguir fazer todos os certinhos na desejada bucket list. Nova Iorque, por exemplo, foi um desses casos, mas quando me perguntaram se vivia lá a resposta foi imediata: não, que também já não digo nunca. Mas foi um não categórico, não foi impulsivo – o sonho de estar na cidade que nunca dorme durante 7 dias não seria claramente o mesmo que estar lá para ganhar a vida. Ninguém pode ir a musicais todas as semana, nem a jogos da NBA, se calhar nem patinar nos ringues de gelo que se encontram nos jardins centrais da cidade.

E comer fatias de pizza XL a um euro e Shake Shack também tem prazo de validade no que diz respeito a uma solução viável. Além do frio cortante que nunca tinha sentido antes. Nova Iorque é um sonho, mas para Barcelona é urgente voltar. A cidade onde a juventude  e a leveza imperam – e onde não se pode contar com as bicicletas da cidade se se tiver um compromisso com hora marcada. Mas onde nunca é tarde para chegar. Com Miró sempre presente e Gaudí a lembrar que a cidade, como a obra da Sagrada Família, não tem fim. Não fosse gaudir do verbo desfrutar. Não é só Las Ramblas, o Bairro Gótico, a Praça de Espanha, a Praça da Catalunha, a Fonte Mágica, Montjuic, Barceloneta, o Park Guell, La Pedrera, Casa Batlló e Amatller ou Palau de la Música Catalana. É sobre todos estes sítios e ainda Montserrat. Os cenários estão todos lá, o filme é realizado por cada um.