Gente de bem

A Lei é igual para todos, mesmo nos regimes mais autoritários, que nunca hesitaram em esconder o seu racismo. Não é assim com André Ventura, o menino dos coelhinhos

A Lei é igual para todos, mesmo nos regimes mais autoritários, que nunca hesitaram em esconder o seu racismo. Não é assim com André Ventura, o menino dos coelhinhos. Mas também ele é incomparável com qualquer outro dirigente de extrema-direita, mesmo a nível intelectual. Em ignorância e amor pelos títulos académicos, só me ocorre a comparação com José Sócrates – mesmo pedindo a este muitas desculpas por tão desagradável e desprestigiante comparação. Incluindo quanto às bases conseguidas (pela qualidade e quantidade).

A Lei é igual para todos, segundo se diz. E isto é um princípio geral, aceite de boca por toda a gente. Homens de bem é um conceito demasiado subjectivo para ser levado a sério em política, mesmo pelas  extremas direitas ou esquerdas – já nem falo nos simples regimes autoritários de direita ou de esquerda, como Marcello Caetano gostava de os designar em livros por que ainda estudei, embora  ele já não fosse professor da Faculdade de Direito em exercício, nem o voltasse a ser de qualquer maneira.

Claro que os apoiantes do Chega, de nível igualmente baixo, nem reparam nestas coisas, que para eles serão simples pormenores.

Felizmente em Portugal a sua votação foi muito contida, ficando-se bem por baixo. E se não houver expectativa de um acordo de Governo, ainda terão menos. Portanto o seu êxito depende da vontade do PSD, e não o contrário, como Ventura pretendeu dar a entender (no seu papel de, quem já tinha inesperadamente conseguido chegar longe nos Açores) depois das presidenciais. Claro que a pressa de o PSD chegar ao Governo, sejam quais forem as condições, será aqui essencial. Mas talvez Ana Gomes tenha sucesso na sua cruzada judicial (ela que é política e de Direito) contra Ventura.