GOL: 47 irmãos mudam de maçonaria

José Lamego e Fernando Pereira estão entre os que saíram do Grande Oriente Lusitano para a Grande Loja Legal

a grande loja legal de portugal (gllp) – a maçonaria regular que muitos dizem estar ligada ao psd – está neste momento a integrar 47 irmãos que saíram do grande oriente lusitano (gol), a outra maçonaria, mais associada ao ps. segundo o sol apurou junto de fontes maçónicas, há quem não se reveja na actual liderança do gol, apesar de o novo grão-mestre – fernando lima, que tomou posse este verão – ter ganho por larga maioria.

entre aquele grupo de 47 maçons estão algumas figuras públicas, sabe o sol, como o cantor fernando pereira e o socialista josé lamego. figuras que se juntam, na gllp, a outros nomes conhecidos – nomeadamente, elementos do actual executivo, como o secretário de estado da segurança social, marco antónio costa, e o secretário de estado do ambiente e ordenamento do território, pedro afonso de paulo, que em tempos foi adjunto de isaltino morais (também ele maçon) no ministério do ambiente.

josé moreno, grão-mestre da gllp, admite ao sol que neste momento estão a ser feitas «algumas regularizações a pessoas de outras obediências» – ritual que é cumprido por todos aqueles que saem de outras maçonarias –, mas recusa confirmar nomes ou prestar mais esclarecimentos.

os rituais que estão a ser seguidos pelos 47 irmãos passam por um juramento sobre um livro sagrado (no caso, a bíblia), não necessitando já de uma cerimónia de iniciação, como sucede com os que entram pela primeira vez. ao mesmo tempo, os que estão a vir do gol irão passar pelas diversas etapas (aprendiz, companheiro e mestre) num prazo muito mais curto. «em vez de estarem um ano em cada etapa, estão um mês», explica um maçon.

além de receber os elementos que estão a sair do gol, a grande loja legal prepara-se também para integrar os irmãos que pertenciam à loja do sino (envolvida no caso moderna) e que está em processo de extinção.

o caso levou mesmo à demissão do mestre da loja do sino, libânio reis, que não concordou com o processo, nem terá gostado da forma como depois decorreu. «confirmo ter renunciado no passado dia 18 de outubro, fazendo simultaneamente o ‘quite’ da associação, tendo então explicado aos obreiros as minhas razões. por ser um assunto interno e por já não pertencer à associação, é para mim um assunto encerrado» – disse libânio reis ao sol, recusando dar mais esclarecimentos por não querer reabrir o assunto «na praça pública». os restantes elementos (cerca de 200) serão espalhados pelas várias lojas existentes na gllp, mas não terão por agora lugares de topo na hierarquia.

à procura de nova sede

o aumento do número de maçons da gllp – que segundo josé moreno tem 78 lojas activas – está a tornar pequena a sua actual sede, no bairro de alvalade. «estamos a crescer. e já não temos capacidade. por isso, estamos à procura de edifícios em lisboa e no porto», adianta josé moreno, esclarecendo que está em negociações com a câmara de lisboa, com vista à cedência de um prédio devoluto. «nós damos lhe vida, reabilitamo-lo», explica o grão-mestre, que ainda não gostou de nenhum dos prédios e palacetes que viu – ou por estarem muito degradados ou por envolverem obras de mais de um milhão de euros.

na audiência que teve com antónio costa, o grão-mestre explicou que o objectivo é não só ter uma sede «com dignidade», como também abrir uma biblioteca e um museu da maçonaria.

catarina.guerreiro@sol.pt