Hamsters podem transmitir covid-19 a humanos, diz estudo

Muitos animais são susceptíveis de apanhar SARS-CoV-2 de humanos.

Os hamsters de estimação podem transmitir covid-19 aos seres humanos e são uma fonte provável de um surto recente da variante Delta em Hong Kong, sugerem dados da Universidade daquela região autónoma. 

A investigação confirma os palpites de que uma loja de animais de estimação tenha sido a fonte de um recente surto de covid-19 na cidade, que já infetou pelo menos 50 pessoas e levou ao abate de mais de 2.200 hamsters.

Os virologistas, contudo, sublinharam que, embora o comércio de animais de estimação pudesse proporcionar uma rota para a propagação do vírus, os hamsters de estimação existentes não são susceptíveis de constituir uma ameaça para os seus proprietários e não devem ser prejudicados.

Muitos animais são susceptíveis de apanhar SARS-CoV-2 de humanos. Os hamsters são particularmente vulneráveis ao vírus – os hamsters anões Roborovski podem mesmo morrer – pelo que têm sido amplamente utilizados como modelo para o estudo da doença.

O medo de que os hamsters possam também ser capazes de infectar humanos começou pela primeira vez quando um trabalhador de 23 anos de idade na loja de animais Little Boss, em Hong Kong, testou positivo no dia 15 de Janeiro – o primeiro diagnóstico da variante Delta da cidade durante mais de três meses. Depois, uma mulher que visitou a loja de animais também foi infetada, e outros membros da sua família tiveram resultados positivos nos dias que se seguiram.

Em resposta, funcionários da saúde pública reuniram os roedores na loja de animais de estimação e no armazém que a abastecia. Resultado? Material genético viral ou anticorpos acabaram por ser detectados em 15 dos 28 hamsters sírios, mas em nenhum dos hamsters anões, ratos, cobaias, coelhos ou chinchilas testados. Também nenhum dos hamsters apresentava sintomas evidentes.

Após a deteção do coronavírus nos hamsters, Leo Poon, um virologista da Universidade de Hong Kong, e os seus colegas empreenderam sequenciação do genoma viral, o que revelou que os hamsters estavam todos infetados com a variante Delta, e que os seus vírus estavam intimamente relacionados.

A natureza das mutações contidas dentro destes vírus sugeria que a transmissão já durava há algum tempo – possivelmente desde meados de novembro.