Idosas que morreram em incêndio estavam amarradas à cama

As duas mulheres que hoje morreram num incêndio, em Gaia, estavam amarradas à cama por motivos de segurança e por serem doentes, disse o proprietário da habitação.

rui ribeiro, em declarações aos jornalistas, afirmou que as duas irmãs estavam amarradas «para não se deitarem da cama abaixo», sendo que uma delas sofria de alzheimer.

o proprietário disse ter acordado com «um barulho esquisito» e que quando saiu do quarto viu já «a garrafa de oxigénio a arder».

rui ribeiro ainda abriu a porta do quarto das idosas para as salvar, mas «o fogo foi tão rápido» que não conseguiu abrir a janela daquela divisão da casa, só tendo tempo para fugir com a mulher para a varanda.

a possibilidade de as idosas, de 90 e 94 anos, que estavam acamadas, estarem amarradas à cama quando as chamas deflagraram começou por ser falada no café situado ao lado do número 52 e foi depois confirmada pelo vereador da protecção civil da câmara de gaia, rui cardoso.

o fogo deflagrou no hall de entrada do terceiro piso do edifício, local escolhido pelo proprietário da habitação para guardar botijas de oxigénio, facto que impediu a saída de dois sobreviventes pela porta.

trata-se dos proprietários da habitação, ambos desempregados. os dois foram resgatados com vida através da varanda da habitação e não será necessário realojá-los, porque os danos foram essencialmente causados pela água.

a mulher foi encaminhada para o hospital por se encontrar em estado de choque.

rui ribeiro salientou ainda que uma das vítimas estava há sete anos aos cuidados da mulher, enquanto a outra encontrava-se lá «por favor».

contrariando declarações de uma vizinha, disse ainda que as idosas «não eram fonte de rendimento nenhuma, o dinheiro que davam era para fraldas, comida e viver», salientou, adiantando que a mulher, que foi enfermeira, tratava muito bem da idosa que tinha a seu cargo.

em declarações aos jornalistas, a vizinha do segundo piso daquele edifício tinha afirmado que as idosas eram «a fonte de rendimento» do casal.

a mesma vizinha afirmou que as mulheres eram bem tratadas pelo casal, que considerou ser «muito bem educado».

uma mulher que vive perto do edifício onde deflagrou o incêndio, dulce, afirmou à lusa ter apanhado esta manhã «um grande susto».

«vi duas pessoas na varanda muito aflitas. a senhora estava a querer entrar em casa para salvar as idosas, e o homem a agarrá-la para não a deixar entrar», relatou.

segundo a fonte dos bombeiros, o alerta do incêndio foi dado às 09h20.

o vereador da protecção civil da câmara de gaia, rui cardoso, adiantou que «poderá ter havido uma pequena fuga de oxigénio» e que bastaria «ligar um interruptor para dar início ao incêndio».

os corpos das vítimas foram levantados do local às 12h10, sendo transportados para o instituto de medicina legal do porto.

lusa/sol