IGP. Administrador financeiro da TAP desconhecia acordo com Alexandra Reis

Além de Pedro Nuno Santos e Hugo Mendes, mais nenhum membro do Governo esteve envolvido.

A Inspeção-Geral de Finanças (IGF) concluiu que o administrador financeiro da TAP não teve conhecimento do acordo de saída de Alexandra Reis, e que, além de Pedro Nuno Santos e Hugo Mendes, mais nenhum membro do Governo esteve envolvido.

Quanto às afirmações da presidente executiva, Christine Ourmières-Widener, que se queixou de não ter sido ouvida pela IGF, prestando esclarecimentos por escrito, António Ferreira dos Santos explicou que a gestora, "querendo", podia ter prestado à IGF, "por sua iniciativa, esclarecimentos adicionais, por qualquer forma escrita ou verbal".

Acedendo ao pedido do deputado social-democrata Hugo Carneiro, o inspetor-geral leu a ata da reunião com Gonçalo Pires, no âmbito das averiguações da IGF, que não consta do relatório cujas conclusões foram anunciadas em 06 de março.

Segundo a ata, Gonçalo Reis disse à IGF desconhecer a razão da saída de Alexandra, embora não tenha ficado surpreendido, e admitiu que Alexandra Reis tivesse renunciado ao cargo.

Relativamente aos "desajustamentos de opinião" com a presidente executiva, Gonçalo Pires adiantou que, numa altura em que houve necessidade de alterar o plano de reestruturação da companhia aérea, Alexandra Reis considerou as projeções nele plasmadas demasiado otimistas, embora não tenha votado contra o plano.

Adicionalmente, Alexandra Reis votou contra uma medida essencial para o aumento de capital e, assim, dar cumprimento ao plano de reestruturação, que viria a ser aporvado dias depois.

Quanto às comunicações enviadas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que inicialmente davam conta de que Alexandra Reis tinha renunciado ao cargo, e, mais tarde, de que o processo tinha partido da iniciativa da TAP, Gonçalo Pires disse que o teor daqueles comunicados não lhe suscitou dúvidas, "até porque desconhecia como se tinha processado a saída da engenheira Alexandra Reis".

O Governo anunciou a exoneração da presidente executiva da companhia aérea, Christine Ourmières-Widener, e do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja, em 06 de março, depois de anunciados os resultados de uma auditoria da (IGF), que concluiu que o acordo para a saída de Alexandra Reis é nulo e grande parte da indemnização de perto de meio de milhão de euros terá de ser devolvida.

A polémica começou no final de dezembro, altura em que o Correio da Manhã noticiou que a então secretária de Estado do Tesouro tinha recebido uma indemnização de cerca de 500.000 euros para sair dois anos antes do previsto da administração da empresa.

O processo foi negociado ao abrigo do código das sociedades comerciais, quando a TAP está abrangida pelo estatuto do gestor público.

O caso motivou uma remodelação no Governo, incluindo a saída do ex-ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.