“Iminente”. EUA com informações de plano russo para cercar Kiev

Presidente ucraniano revelou que foi contactado e que o ataque russo terá lugar esta quarta-feira, dia 16. Putin afirma que ainda há espaço para dialogar e renegociar acordo de segurança.  

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia pode explodir mais depressa do que se pensava. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse num comunicado no Facebook que o ataque terá lugar no dia 16 de fevereiro.

Também uma fonte da NATO em Bruxelas revelou ao i que dados recolhidos pelos serviços de informações norte-americanos, intercetados em escutas, indicam que a Rússia se está a preparar para atacar o país vizinho já esta quarta-feira. A informação fez soar os alertas de Washington, que ontem ao final do dia, após uma conversa entre Biden e Boris Johnson, dizia manter esperança num acordo diplomático. Mas as novas informações sucedem a cada hora e ao final do dia eram reportadas movimentações de artilharia russa para a posição de ataque, escreveu a CBS, citando um oficial norte-americano.

Vladimir Putin continua a concentrar forças junto à fronteira, dissera antes o porta-voz do Pentágono, John Kirby, à MSNBC. “Eles estão a fazer exercícios, por isso, acreditamos que Putin tem muitas opções disponíveis caso queira partir para a força militar”, citou o Al Jazeera.

As informações foram corroboradas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Liz Truss. Citando os serviços de informação ingleses, afirmou que uma invasão à Ucrânia pode acontecer a “qualquer momento”, lançando um apelo à Rússia para “descalar” esta tensão. Ontem a CNN avançou que os serviços de informação norte-americanos analisam um plano russo que incluiria o cerco de Kiev e uma invasão através de múltiplos pontos, com a entrada na capital no espaço de 24 a 48 horas desde o início da ofensiva.

Apesar destas notícias, Putin afirma que ainda não é demasiado tarde para dialogar com a Ucrânia e com o Ocidente, de forma a atingir-se um entendimento.

“Avisamos contra conversas intermináveis sobre questões que precisam de ser resolvidas hoje”, alertou Sergey Lavrov. “Ainda assim, como ministro dos Negócios Estrangeiros russo, devo dizer que existe sempre uma chance”, concluiu. Kiev pediu uma reunião de urgência com as autoridades russas para discutir a situação.

O chefe da diplomacia ucraniana, Dmitro Kuleba, escreveu na sua conta pessoal de Twitter, durante a noite de domingo, que Moscovo não respondeu a Kiev depois do país ter feito um pedido à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), de forma a exigir que a Rússia explicasse as atividades recentes junto à fronteira, onde juntou mais de 100.000 soldados, segundo Kiev e a NATO.

“A Rússia não respondeu ao nosso pedido sobre o Documento de Viena”, disse Kuleba, citando o Documento sobre Redução de Riscos. 

“Exigimos uma reunião com a Rússia e todos os Estados participantes no prazo de 48 horas para discutir o reforço e a redistribuição ao longo de nossa fronteira e da Crimeia temporariamente ocupada”, acrescentou o ministro, numa altura em que Rússia e Bielorrússia estão a efetuar manobras militares conjuntas em território bielorrusso.

Viagem do Chanceler Para deitar alguma “água na fervura”, o chanceler alemão, Olaf Scholz vai deslocar-se a Kiev e Moscovo, durante esta semana.

Scholz, que assumiu a chefia do Governo há apenas dois meses, vai encontrar-se com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na segunda-feira, seguindo depois para Moscovo, onde será recebido por Vladimir Putin, no dia seguinte. Na véspera da partida, o chanceler de 63 anos diz que a intenção da sua iniciativa é “agarrar a oportunidade de falar”.

“Em ambos os casos, trata-se de ver como podemos garantir a paz na Europa”, disse. A viagem já estava programada no âmbito dos esforços dos líderes ocidentais para tentar resolver a crise, mas ganhou maior significado com a dramatização ocorrida desde sexta-feira.

Nas últimas semanas, tem acontecido várias rondas de conversações diplomáticas, com políticos como o Presidentes francês, Emmanuel Macron, e norte-americano, Joe Biden, a realizar reuniões com Vladimir Putin para tentar acalmar a situação, mas sem resultados palpáveis.

Após a conversa entre Biden e Putin, foi publicado um comunicado divulgado pela Casa Branca, onde se podia ler que Biden garantiu a Volodymyr Zelenskiy que os Estados Unidos responderão de forma “rápida e decisiva”, em conjunto com os seus aliados, a uma eventual agressão militar russa na Ucrânia. Mas, para já, Washington não equaciona enviar soldados para o local.