‘Impaciência pode ser, neste momento, o nosso maior adversário’

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, considerou hoje que já se observam «resultados positivos» do «processo de ajustamento» económico e financeiro de Portugal e que a impaciência pode ser o «maior adversário» neste momento.

«no caso português, começamos já a observar resultados positivos
deste processo de ajustamento. uma importante agência de notação financeira
notou esta semana que o nosso processo de ajustamento atingiu já um ponto em
que podemos fazer um juízo optimista sobre o seu desenvolvimento futuro»,
afirmou passos coelho.

o primeiro-ministro, que falava num seminário no centro europeu
jean monnet, em lisboa, fez esta afirmação depois de defender que «os processos
de ajustamento das economias nacionais mais expostas a desequilíbrios
orçamentais e externos devem continuar a beneficiar do apoio das instituições
europeias e devem desejavelmente beneficiar de condições de estabilidade
financeira e política».

no seu entender, há um ano não era esperado que portugal enfrentasse
«condições externas tão difíceis e tão imprevisíveis», mas o governo respondeu
a esse «clima de incerteza» com «decisões claras».

«os resultados que começamos já a obter eram tudo menos certos no
início e, do mesmo modo, nada do que nos falta fazer pode ser dado por
adquirido», acrescentou, advertindo que é preciso «trabalho duro e diário» para
obter resultados.

«é por isso mesmo que a impaciência pode ser, neste momento, o
nosso maior adversário. não devemos voltar a cair no erro antigo de pensar que,
com o anúncio de um objectivo, o trabalho está concluído e podemos passar a novos
anúncios e novos propósitos», reforçou.

nesta intervenção, o primeiro-ministro insistiu que a consolidação
orçamental é uma condição indispensável para o crescimento económico, acrescentando
que este depende de uma «reforma das instituições políticas económicas»,
indispensável também para a criação de emprego.

passos coelho sustentou que as causas do desemprego são
estruturais, relacionadas com o mercado laboral e com “outras instituições
que afectam o seu funcionamento, como a regulação, o mercado de bens e
serviços, os mecanismos de apoio social e, claro, a estrutura dos mercados
financeiros”.

«há demasiado tempo que o desemprego jovem atingiu níveis
demasiado elevados para que possamos continuar a acreditar que as estruturas e
instituições da nossa economia não sofrem de disfunções graves que importa
corrigir adequadamente», afirmou.

neste discurso, o primeiro-ministro reiterou o seu apoio aos
tratados europeus «que criam novos mecanismos de disciplina orçamental e de superação
de crises financeiras», manifestando-se convicto que, «serão, desde que
consistentemente aplicados, a melhor garantia da recuperação da confiança
perdida nos últimos anos».

«sem esta recuperação da confiança, qualquer progresso para uma
maior união financeira e orçamental permanecerá impossível de concretizar. e
não creio que seja necessário insistir que a confiança é um bem precioso que se
perde rapidamente e que muitas vezes até se perde com as melhores intenções.
uma vez perdida, no entanto, a recuperação é longa e difícil», considerou.

lusa/sol