‘Indiscrições’ no Facebook: de quem é a culpa?

13500 funcionários numa sede em Menlo Park, Califórnia, numa localidade onde há restaurantes da maior variedade, lojas de todos os géneros e naturalmente barbeiros e cabeleireiros, são os zeladores da informação da maior comunidade mundial reunida pelos utilizadores do Whatsapp e Instagram na sede global do Facebook. Não obstante o acesso que têm às nossas…

13500 funcionários numa sede em Menlo Park, Califórnia, numa localidade onde há restaurantes da maior variedade, lojas de todos os géneros e naturalmente barbeiros e cabeleireiros, são os zeladores da informação da maior comunidade mundial reunida pelos utilizadores do Whatsapp e Instagram na sede global do Facebook.

Não obstante o acesso que têm às nossas mensagens de Whatsapp e Messenger, às nossas fotografias e pensamentos, nas localizações dadas pelo Instagram e Facebook (Insta e Face para os mais à vontade com os seus parceiros virtuais de amizade) vão apostar numa concorrência direta ao Tinder porque mais de 200 milhões de ‘facebookianos’ se assumem solteiros, dizem. Isto é, só faltava mesmo dos seus utilizadores uma clara questão de orientação e atividade sexual. O B.I. fica lá todo. Provavelmente para a ‘Cambridge Analytica’ dará jeito para os próximos censos.

À exceção do uso do Tinder, conheço as outras redes. Admito que o Linkedin e depois o Facebook ainda são as que mais me cativam desde que aderi em 2007 por ter informação (muitas vezes interessante) que vem ter comigo. Não vou comentar o que as minhas amigas e amigos expressam, mas asseguro que facilmente faço um desenho mental da pessoa em causa, naturalmente, à luz dos meus olhos, e interpretação do meu cérebro. Como de mim possam fazer, naturalmente.

Eu no Instagram e no próprio Facebook tenho uma dúvida. É saber se as pessoas vão lá mais vezes para ver realmente o que os outros partilham ou se nos últimos 10 minutos tiveram mais um like ou um coraçãozinho.

Tudo isto não é culpa do Mark Zuckerberg. Milhares revoltam-se e gritam: «Não tenho redes sociais porque não quero expor a minha vida».

Mas o Mark Zuckerberg alguma vez ameaçou de forma física alguém para obrigar a escrever o que está e onde está e com quem a fazer não sei o quê?

Nós somos o que partilhamos.

E isso tanto faz se é no Facebook, num artigo de opinião num jornal, ou numa carta deixada na caixa de correio dos seus vizinhos. O problema é que o Facebook é livre, e um excesso a mais, uma emoção a mais, uma educação a menos dá no que se vê e se tira facilmente ilações por vezes.

Se me questionarem se já excluí alguém para entrar num projeto com base no que vi do perfil dele(a) no Facebook? Já, claro. Mas não era por falta de genuinidade. Lá isso tinham, e de sobra… Mas já aconteceu o contrário, já recrutei depois de analisar o perfil de alguém. Óbvio.

Há estatísticas bem reais e assustadoras. Um programa informático especializado para o efeito verificou que com 10 likes «obtinha a personalidade» a um colega de trabalho, com 70 para um amigo, 150 para um parente próximo e 300 likes descrevia na perfeição a personalidade de um parceiro. Resumindo, citando David Kirkpatrick: «É possível conhecer melhor alguém pelo Facebook do que em 10 anos de amizade com essa mesma pessoa».

Outra questão é em relação aos dados.

O que fazem com todos os dados privados?

Essas redes sociais têm um sistema de reconhecimento facial? Claro que sim. Arquivam números de cartões de crédito? Obviamente que sim. Monitorizam as suas conversas privadas? Naturalmente que sim. Sabem onde estás exatamente? Sim e com uma precisão de 2 metros. E sim, uma vez lá dentro, nunca mais de lá sais. Quantas vezes alguém vai a um site procurar um voo de Anchorage para Vladivostok (admito que nunca procurei) mas aposto que, se abrir uma rede social, em segundos vai aparecer algo a sugerir algo nessa cidade do Alasca ou da Rússia. A informação já está comprada e em nanosegundos transferida.

Agora vão ser destruídos e não vai haver mais back-ups das novas mensagens. Mas alguém julga isso possível? Terabytes de informação arquivada de cada utilizador valem muito dinheiro, até para proteção de um Estado, já para não entrar estritamente no campo publicitário.

Não culpem o dono do Facebook e das outras redes que adquiriu por dezenas de milhares de milhões de dólares, sendo neste momento um dos homens mais ricos do mundo pelos disparates que a maioria escreve e mostra. Recato e juízo, tal como na vida, já é o primeiro tónico para ter uma boa relação com uma rede social.

Acho sinceramente que o Mark Zuckerberg continua a ser o verdadeiro ‘CEO and founder’ da rede do Facebook. Mas duvido que seja o único ‘owner’ de todos os conteúdos, e que alguns estarão em mãos de intenção duvidosa.