Infecções dão multas a hospitais

A redução de 5% no consumo de antibióticos dos doentes internados faz parte de um novo programa de combate às infecções hospitalares, que será em breve aprovado pelo secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa. E estão previstas penalizações para os estabelecimentos que não cumprirem as metas definidas.

segundo o sol apurou, pela primeira vez, os hospitais vão sentir no bolso quando não respeitarem as regras de combate àquelas infecções: nos contratos-programa, que definem o financiamento do estado a cada unidade de saúde, haverá penalizações ou benefícios consoante os resultados obtidos.

o novo plano ficará sob a alçada da direcção-geral da saúde (dgs) e já tem um coordenador nomeado: josé artur paiva, professor da universidade do porto.

a sua missão é reduzir a incidência deste tipo de infecções nas unidades de saúde portuguesas, que são das mais afectadas da união europeia.

no país, um em cada dez doentes tratados nos hospitais acaba por contrair uma infecção, com custos elevados para o estado: todos os anos há mais de 84 mil infectados com bactérias hospitalares e cada um custa ao estado 7.392 euros – quase três vez mais do que um doente tratado sem esse tipo de infecção, segundo dados do ministério da saúde.

o objectivo deste novo projecto é, assim, reduzir para metade a taxa de prevalência das infecções. «estamos muito preocupados com este problema e temos de travá-lo», admitiu ao sol o director-geral de saúde, francisco george.

comissões não funcionam bem

para isso, o plano vai tornar obrigatório o funcionamento das comissões de controlo de infecção em todos os hospitais, tendo as administrações de garantir a aprovação de um plano operacional de prevenção e controlo.

é que há estabelecimentos de saúde que ainda não têm estas comissões, apesar de serem obrigatórias desde 1996. por outro lado, muitas das que já existem não funcionam correctamente. «é verdade que nem sempre a sua capacidade de intervenção era adequada», confirma ao sol josé artur paiva, adiantando que estas comissões serão constituídas por médicos, enfermeiros e farmacêuticos. terão de assegurar o cumprimentos das normas de higiene – como a lavagem das mãos dos profissionais de saúde, o correcto uso das luvas protectoras e a limpeza de superfícies e materiais hospitalares.

além disso, estas comissões terão de levar a cabo auditorias e inquéritos a doentes e profissionais, para verificar o cumprimento do novo plano.

diminuir a resistência aos antibióticos

catarina.guerreiro@sol.pt
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