A. G. Lafley CEO P&G.
Hoje, mais do que nunca, a inovação é uma importante fonte de vantagem competitiva para as empresas vingarem no mercado. Neste contexto, a Inovação Aberta (IA) tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos. Este conceito resume-se ao desenvolvimento de colaborações com outras empresas ou indivíduos, com o objectivo de promover o lançamento de novos produtos e serviços mais competitivos, mais inovadores e que vão ao encontro das reais necessidades dos consumidores. IA é, portanto, mais do que envolver os fornecedores no processo de desenvolvimento de novos produtos, é mais do que estabelecer colaborações pontuais com universidades. IA é uma posição estratégica, sistemática e estruturada para trazer ideias de ‘fora para dentro’.
Já neste século, um grupo restrito de empresas pioneiras implementou a Inovação Aberta no processo de criação de novos produtos. Um dos exemplos mais importantes é o da P&G que, ao lançar o programa Connect+Develop, atingiu os 50% de novos produtos iniciados por colaborações externas. Prevê-se que, em 2014, dois terços das empresas da Fortune 500 terão desenhado redes de parceiros internos e externos, com o objectivo de manter uma fonte sustentável de ideias inovadoras.
Uma das grandes vantagens da IA reside no acesso a um número ilimitado de recursos externos, entre os quais: fornecedores (o recurso mais usado), universidades, cientistas, clientes, e até utilizadores. Por exemplo, a P&G estima que, por cada um dos investigadores da empresa, haja 200 cientistas ou engenheiros no Mundo com igual nível técnico. A IA poderá permitir-lhes, portanto, ter acesso a 1,5 milhões de pessoas com capacidades e valências que poderão ser uma mais valia no desenvolvimento de produtos.
Os benefícios não ficam por aqui, pois a IA também permite às empresas reduzir o tempo de lançamento do produto no mercado, centrar recursos em projectos desenhados pelos utilizadores com o apoio dos fornecedores, bem como aceder a uma fonte inesgotável de recursos e de ideias inovadoras. Mas apesar das evidentes vantagens, a Inovação Aberta não pode e não deve substituir as fontes de inovação internas, antes pelo contrário, devem complementar-se e apoiar-se, alavancando o desenvolvimento e aumentando a probabilidade de sucesso.
Em Portugal, a IA começa a dar os seus primeiros passos. Recentemente, a Logoplaste, empresa de packaging de plásticos, organizou um pollination day para o qual convidou fornecedores, clientes e outros parceiros para partilhar os benefícios da IA. O objectivo será preparar uma plataforma que envolva, primeiro, os colaboradores e, numa segunda fase, fornecedores e clientes. O propósito da Logoplaste é investir na relação com os parceiros, é incentivar o envolvimento dos colaboradores, é desenvolver uma plataforma onde se estimula a colaboração, onde se formam e transformam ideias, onde se faz nascer inovação.
Professora, Católica Lisbon-School of Business & Economics