Instalações antigas que não cumprem regras são perigo para moradores e gastam mais

Tomadas eléctricas sem protecção, falta de ligações à terra ou circuitos insuficientes para ligar tantos aparelhos são problemas de algumas casas, principalmente as antigas, que representam um perigo para os moradores e mais gastos de energia, alertou um especialista.

as regras técnicas a cumprir nas instalações eléctricas de habitações foram evoluindo ao longo do tempo e a última alteração registou-se em 2006. todas as casas construídas antes não apresentam algumas características introduzidas para aumentar a segurança dos utilizadores, a menos que já tenham sido remodeladas.

o director-geral da associação certificadora de instalações eléctricas (certiel) disse que, muitas vezes, os moradores não sabem que correm perigo e o sistema de electricidade não está sujeito a vistorias obrigatórias, como acontece com o gás, por exemplo.

além da segurança, carlos ferreira botelho apontou o conforto e as perdas de energia como factores a ter em conta na análise da situação das instalações eléctricas.

os custos das obras necessárias para que a instalação eléctrica siga as regras actuais, que podem atingir 1.500 a 2.000 euros, «não compensam quanto à energia que deixa de se perder».

«não há uma compensação imediata ou num período de tempo razoável para [justificar] uma remodelação do ponto de vista estritamente económico», reconheceu.

a renovação de uma instalação «pode ser muito cara e as pessoas podem ter dificuldade, mas há medidas relativamente mais simples, como a ligação à terra ou a instalação do diferencial, mais limitadas no custo e que já conferem algumas condições de segurança», referiu o responsável.

carlos ferreira botelho defendeu que a situação «tem de ser vista no âmbito geral, do ponto de vista ambiental, mas também de segurança e do conforto».

segundo a certiel, uma instalação remodelada pode ser 12 vezes mais eficiente do que uma antiga.

além de fazer “disparar” o quadro eléctrico, por causa da sobrecarga de consumo, a utilização incorrecta ou as avarias nos aparelhos podem provocar situações perigosas, como choques eléctricos ou incêndios.

quadros eléctricos antigos, sem diferenciais e disjuntores acessíveis, que disparam quando detectam avarias nos aparelhos eléctricos, podendo evitar choques, são um dos pontos listados pelo director-geral da certiel.

carlos ferreira botelho disse que «as instalações feitas há 50 ou 100 anos não previam o tipo de equipamentos que as pessoas agora têm e a distribuição de consumos pela habitação era mais limitada».

actualmente, existem microondas, fornos eléctricos, máquinas de café, vários aparelhos televisivos, computadores, ar condicionado e outros aparelhos que consumem elevadas quantidades de energia e, muitas vezes, causam uma sobrecarga da instalação, levando a que «o quadro vá abaixo».

ainda na área da segurança, o responsável da certiel referiu que o número de tomadas instaladas era anteriormente muito reduzido, uma por cada divisão e, «se a pessoa quiser ligar vários aparelhos, tem de colocar extensões sobre extensões, o circuito fica muito sobrecarregado e, além de ter perdas [de energia] muito elevadas, em qualquer altura os isolamentos podem danificar-se e provocar um acidente».

de acordo com as novas regras, «as tomadas têm de ter os alvéolos protegidos, principalmente por causa das crianças».

«mesmo que a instalação esteja muito bem protegida, se tiver defeitos, a protecção no quadro está constantemente a desligar, o que não é cómodo», acrescentou.

lusa/sol