Intendente aplaude mudança

Na zona do Intendente (Lisboa), a notícia de que o presidente camarário está de papeladas aviadas para a antiga fábrica Viúva Lamego ainda não chegou a todos, mas é largamente apoiada. A decisão, diz-se, só peca por tardia

apesar da frequente presença da polícia municipal, fazer uma reportagem no largo do intendente pina manique pode acatar riscos, já que muitos dos que ali circulam não gostam de dar a cara e alguns não hesitam em atirar reclamações ou mesmo uma garrafa de cerveja em direcção à câmara.

com excepção da presença dos idosos, que ainda se reúnem para uns dedos de conversa, o largo continua a ser um ponto negro da capital, marcado por insegurança, prostituição e degradação dos imóveis.

dentro de poucos meses, o cenário deverá ser, contudo, bem distinto – o presidente antónio costa (ps) vai mudar o gabinete para um imóvel de interesse público, forrado a azulejos, onde funcionou uma fábrica de cerâmica, fundada, curiosamente, por antónio da costa lamego em 1849.

a mudança, que o autarca espera concretizar até ao início do 2011, implicará intervenções no imóvel, segundo o administrador da aleluia cerâmicas, que gere a viúva lamego.

«há um edifício de antigos armazéns que estava livre desde que a fábrica mudou de outras instalações de lisboa para perto de sintra. agora vai ser feito um reforço estrutural e uma adaptação específica, além de adaptações a nível de instalações elétricas e climatização», explica duarte garcia.

as restantes instalações da antiga fábrica, acrescenta, são actualmente ocupadas por uma loja de cerâmicas, serviços de apoio, um espaço que acolherá exposições e uma pensão que deverá ser encerrada.

segundo antónio garcia, a «corajosa» atitude de antónio costa conseguirá, a par com a requalificação prevista para a zona, tornar o intendente «muito apetecível»: «não existindo marginalidade e repondo a segurança, estarão reunidas condições para que este largo, que tem uma luminosidade e um edificado fantásticos, seja uma zona onde apetece ir».

josé pereira, que ali mora e gere um café, diz nunca ter tido problemas, mas considera que a decisão já devia ter sido tomada «há muito tempo» para motivar um «bocadinho de sossego».

«acho bem vinda, espero que haja policiamento, que se possa vir aqui. antigamente ia-se ao baile e tomar cacau ao cais do sodré, agora já nem ao baile, não se pode andar na rua», afirma.

mohamed hanig, gerente de uma loja de utilidades na avenida almirante reis (para onde dá uma das fachadas da fábrica), partilha da opinião: «só pode ser bom, pelo sofrimento que a gente tem tido aqui com os assaltos, só vai ajudar, melhorar. até os clientes têm medo de vir cá».

também mário miguéis, ex-morador que costuma frequentar o largo, tem expectativa de que a presença do presidente motive mais higiene, segurança e requalificação dos prédios degradados.

na sua opinião, as pessoas não se vão sentir «tão tentadas ao pequeno crime».

 

sol/lusa