Investigar, surpreender e divertir

Foi há dez anos que começou a nossa aventura, mas não consigo ter a noção do tempo. Passaram-se tantas coisas que podia pensar que já lá vão 20, como podia acreditar que passou muito menos tempo. 

Depende daquilo que queremos guardar na nossa memória. Queríamos e queremos fazer um jornal que surpreenda as pessoas, que se distinga pela qualidade da sua investigação, pela capacidade de revelar pessoas com talento, independentemente da sua área profissional, que consiga separar o trigo do joio no que ao mundo atual da informação diz respeito. Há dez anos as redes sociais não tinham a força que têm hoje e não marcavam a atualidade informativa como o fazem hoje. 

Os jornais, no mundo inteiro, perderam leitores mas não perderam importância. É preciso alimentar os sites com informação credível que o papel tratará de dar outra abordagem. Desde a inauguração do SOL fizemos muitas histórias que nos encheram de orgulho, como escrevemos outras que se revelaram erradas. Nunca tivemos medo de arriscar e sempre procurámos não fazer um jornalismo institucional. Mas quem foge da verdade absoluta do Diário da República corre, necessariamente, riscos. É preciso é faze-lo com a objetividade e o rigor jornalístico.

Do mundo da política, aos negócios, passando pela cultura e o desporto procurámos sempre a verdade e não tivemos medo de interpretar os factos. Além das notícias tentámos também divertir os leitores. Um jornal chato está condenado. O mundo a cada dia que passa está diferente e o jornal tem de refletir essas mudanças. 
 Hoje um jornal não é pensado apenas no papel, pois os sites e as redes sociais têm um papel determinante na viabilidade dos projetos.

A crise que o país atravessou fez mossa no jornal que viu muita gente partir para outras paragens, uns abandonando o jornalismo e procurando outras vias, outros mudando de projeto e andando pela concorrência. A todos os que deixaram o projeto aqui fica a minha homenagem e o meu agradecimento por terem embarcado nesta aventura. Cada um teve o seu papel e se o jornal se fez deve-se a todos os que deram o seu contributo ao longo dos anos. Sem querer ferir ninguém, não posso deixar de deixar uma palavra muito especial para o José António Lima, e à Paula Azevedo que decidiram seguir outro caminho.

Sei que, independentemente de quem estiver no futuro, o SOL terá um lugar na imprensa portuguesa se continuar a respeitar as razões do seu aparecimento: o de fazer um jornalismo sério, de investigação, mas também que consiga surpreender e divertir os leitores. A vida já tem chatices que cheguem e é preciso dar aos leitores histórias que os ‘afastem’ das amarguras da vida. Afinal, é preciso fazer um jornalismo vivo para que os leitores percebam que quem o faz não está agarrado às tais amarguras e que não tem medo de arriscar.

P. S. – Durante estes 10 anos vivi duas experiências muito gratificantes com a construção do SOL em Angola e Moçambique. Passei longas temporadas nestes dois países e sinto que a minha vida ficou bastante mais rica, não financeiramente, mas pessoalmente. Foi muito estimulante ter lançado vários jornalistas que procuravam e procuram, noutros projetos, informar os seus leitores, independentemente de quem está no poder ou próximo dele. E isso nunca poderei esquecer.

Obrigado aos leitores que nos têm seguido ao longo dos anos e aos anunciantes. Que venham mais 10, pelo menos…