Islamistas declararam guerra ao património cultural da humanidade

Milhares de monumentos foram destruídos na Síria, Iraque, Líbia e Afeganistão

A destruição dos mausoléus em Tombuctu não é uma exceção na atuação dos grupos jihadistas, mas antes mais um episódio numa já longa série de crimes contra o património da humanidade perpetrados por grupos jihadistas. Síria, Iraque, Líbia e Afeganistão são os países mais afetados por estas práticas de destruição da memória coletiva da humanidade.

Só na Síria, mais de 900 monumentos ou locais arqueológicos foram saqueados, danificados ou destruídos na sequência de uma devastadora guerra que já matou milhares de pessoas e fez milhões de refugiados. A responsabilidade não é totalmente dos jihadistas, se bem que a maioria destes crimes tenham sido praticados por eles. O governo e os rebeldes sírios também têm a sua quota-parte de crimes contra o património. Porém, em 2015, o mundo assistiu à destruição da cidade de Palmira, consagrada património cultural da humanidade pela UNESCO. Palmira possuía um monumento muito antigo, o Templo de Bel, com 2 mil anos, que foi destruído uma semana depois de o Templo de Baal Shamin ter tido o mesmo destino.

No Iraque, o autoproclamado Estado Islâmico também tem procedido a uma “limpeza cultural” ao destruir e vender no mercado negro relíquias da Mesopotâmia. Em fevereiro de 2016 foi tornado público um vídeo que mostrava militantes islâmicos a destruírem com marretas tesouros pré-islâmicos no Museu de Mossul. Milhares de livros e manuscritos foram igualmente destruídos pelo grupo, bem como uma antiga cidade assíria a sul de Mossul, cujas ruínas foram deitadas abaixo com a utilização de escavadoras.

Na Líbia, envolvida numa guerra civil no seguimento da Primavera Árabe, que levou à queda e morte de Muammar Kadhafi, vários mausoléus foram destruídos desde então por islamistas, como foi o caso dos museus Al-Shaab Al-Dahman e Abdessalem Al-Asmar. Em 2013, os mausoléus com centenas de anos de Murad Agha foram dinamitados.

No Afeganistão, em 2001, os talibãs já tinham contribuído com a sua quota-parte para a destruição de património que havia sobrevivido à passagem do tempo. O líder talibã de então, Mullah Omar, ordenou a destruição das estátuas budistas de Bamiyan, uma com 55 metros e outra com 38 metros, que tinham 1500 anos, por considerá-las anti-islâmicas. Foram precisas mais de três semanas para terminar o trabalho.