Laboratórios do Estado alertam para precariedade laboral

O presidente do Fórum dos Conselhos Científicos dos Laboratórios do Estado, Pedro Reis, alertou hoje, no parlamento, para a precariedade laboral científica, apontando o exemplo de investigadores que são bolseiros há cerca de 20 anos.

Pedro Reis, que hoje foi ouvido na comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, lembrou “situações precárias” de investigadores que são bolseiros há 17, 18 e 19 anos e “em risco de saírem dos laboratórios”.

A seu ver, “qualquer redução de uma pessoa” nas equipas “pode ter um efeito muito grande” na investigação em curso.

Pedro Reis foi ouvido, a pedido do PS, sobre os riscos e as ameaças sobre o sistema científico e tecnológico nacional.

Aos deputados, o presidente do Fórum dos Conselhos Científicos dos Laboratórios do Estado voltou a recordar que “não há progressão de carreiras” desde 2000 e enfatizou o corte, este ano, face a 2013, de quase 50 por cento no orçamento do Instituto de Investigação Científica e Tropical (IICT), que “põe em causa o funcionamento da instituição”.

Na comissão, Pedro Reis pediu soluções para o IICT e uma excepção à Lei dos Compromissos, para que os laboratórios do Estado possam ter mais margem de manobra para adquirir bens e serviços essenciais.

Por sua vez, o secretário do Conselho dos Laboratórios Associados, Alexandre Quintanilha, também ouvido, sustentou que, sendo a ciência um sector cuja confiança “leva muito tempo a construir”, as alterações ao modelo de investimento devem ser “muito mais graduais e cuidadosas”.

Alexandre Quintanilha assinalou que os cientistas portugueses “trabalham com metade do investimento europeu” e que, sem eles, “muitas das exportações” do país “não existiriam”.

O docente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, sublinhou que apenas uma em cada cem mil patentes dá lucros, sendo que Portugal produz 100 a 200 patentes por ano, a maioria nas universidades.

Na segunda-feira, o Conselho dos Laboratórios Associados recusou que “forcem à emigração e ao desemprego os mais qualificados”, criticando quem, em Portugal, não quer ver “o extraordinário progresso científico português que os mais competentes do resto do mundo elogiam”.

A audição do Fórum dos Conselhos Científicos dos Laboratórios do Estado e do Conselho dos Laboratórios Associados surge cerca de um mês depois de a comunidade científica ter saído à rua, em Lisboa, acusando o Governo de desinvestimento na ciência, que o executivo refuta.

Lusa/SOL