Lobito e Benguela

Em Benguela sente-se que o tempo está do nosso lado. Não há pressa, nem stresse.

Depois de mais de 500 quilómetros de estrada percorridos, começámos a descer para o destino final. O cenário não era o mais esperado, já que ao lixo se juntavam cemitérios a céu aberto de carros destruídos. Mas assim que entrámos na cidade propriamente dita tudo mudou. Ruas largas e limpas, jardins bem tratados, vivendas dos anos 50/60 em estado de conservação muito razoável – nalguns casos excelente –, e uma praia deserta onde pudemos assistir a um esconder do sol magnífico.

O jantar no Zulu, uma esplanada em cima da praia, valeu mais pela descompressão de uma semana stressante de trabalho em Luanda do que pela qualidade gastronómica, apesar de aceitável. Só que um restaurante-esplanada num lugar abençoado merece outra qualidade.

A Restinga, no Lobito, é um daqueles lugares que merecem uma visita obrigatória para quem está em Angola. No fim do repasto, arrancámos para Benguela, onde nos esperava outra agradável surpresa: mais uma cidade cuidada, com gente simpática e afável e onde se sente tanta segurança como em qualquer cidade portuguesa. Caídos de pára-quedas, lá conseguimos saber que parte da animação ocorre na praia Morena, mas o grande espaço é o Tchirinawa.

Como esta discoteca estava fechada para obras, seguimos para o Escondidinho, onde fomos os primeiros a entrar. O espaço fechado não permite que se fume no seu interior, obrigando os consumidores a fazê-lo junto à porta de entrada. E foi desse posto de observação privilegiado que conversámos animadamente com seguranças, polícias e responsáveis da casa. Pelo meio íamos buscar umas bebidas.

Clientes, nem vê-los. Quando estes começaram a chegar em número considerável estava quase na nossa hora de partir. Pelo meio ainda demos um salto ao privado – tendo desembolsado 10 euros, acrescidos de outro tanto de consumo mínimo – e rimo-nos que nos fartámos. No dia seguinte voltámos ao Escondidinho, mas como estava muito cheio não teve metade da graça. Na noite anterior qualquer barman sabia a bebida que queríamos; no sábado nem tinham tempo para uma piada. Tendo pago o dobro de sexta-feira, divertimo-nos um quarto. Ainda assim, o suficiente.

vitor.rainho@sol.pt