Lourinhã aguarda há cinco anos solução para ponte ‘para lado nenhum’

A Câmara da Lourinhã aguarda há cinco anos que a Estradas de Portugal encontre uma solução para uma ponte colocada sem qualquer utilidade, mas a empresa diz que suspendeu a obra porque a autarquia não construiu uma rotunda.

O presidente da Câmara, José Manuel Custódio (PS), recordou hoje à agência Lusa que a ponte, que iria substituir a actual que, por ser demasiado pequena para as necessidades, não só afunila o tráfego automóvel como as águas pluviais, fazendo transbordar o rio e provocando inundações, acabou por ficar de fora das obras de requalificação da Estrada Nacional 247 por ser desajustada e ter uma volumetria muito grande para o local.

Por estar fora do actual traçado da estrada, junto à localidade de Casal Novo, e não ter qualquer utilidade para o tráfego rodoviário, a ponte passou a ser apelidada pela população como «ponte para lado nenhum» e levou o Partido Ecologista Os Verdes a questionar na semana passada o Governo.

Sem avançar com o valor que a ponte custou, a Estradas de Portugal (EP) esclareceu que a infra-estrutura não foi removida nem colocada no local da actual ponte porque aguarda que a câmara «construa uma rotunda, o que levou à suspensão da empreitada» de há cinco anos de requalificação da EN 247.

Apesar de a EP afirmar que «não houve qualquer erro do projecto» e que «aguarda pela concretização das ligações dela à estrada», a solução é contestada pelos autarcas.

Nesse sentido, José Manuel Custódio confirmou que a câmara propôs à EP aproveitar a ponte e fazer um protocolo, através do qual a EP transferiria as verbas necessárias e a autarquia avançaria com a construção de uma variante à vila da Lourinhã, criando uma alternativa de passagem à EN247 na saída da vila para Casal Novo.

No projecto dessa nova via, o autarca admitiu que seria construída uma rotunda para melhor fazer a distribuição do trânsito que segue para as localidades de Casal Novo e Atalaia e que seria integrada a nova ponte.

«Nada foi feito porque a EP não fez quaisquer expropriações de terrenos e porque queria transferir apenas para a câmara 63 mil euros, verba que é insuficiente», explicou o autarca, adiantando que a câmara declinou a proposta, remetendo as responsabilidades para a EP.

A construção da nova ponte, no local onde ainda hoje se mantém, foi contestada por estar a ser feita fora do traçado da actual EN247, por acentuar, em caso de alteração, o ângulo da curva e contracurva aí localizadas e por dificultar a visibilidade dos veículos que circulam em sentido contrário por ter um tabuleiro demasiado elevado, o que poderia originar acidentes.

Através de requerimento entregue na Assembleia da República, o deputado de Os Verdes José Luís Ferreira, que visitou o local, questionou o Ministério da Economia sobre as verbas envolvidas nos projectos e na construção da ponte, quem fiscalizou e acompanhou a obra e sobre se foram apuradas responsabilidades em prol do interesse público.

A obra esteve incluída no plano rodoviário do Instituto Estradas de Portugal e tornou-se ainda mais necessária com as cheias ocorridas em 2006, que causaram inundações naquela zona, devido à falta de capacidade de escoamento da actual ponte.

Lusa/SOL