LVMH domina na ‘selva’ do luxo

O target do mercado de luxo é restrito e as marcas não querem perder nem um cliente. A dona da Louis Vuitton não pára de fazer compras, liderando esta ‘luta’. A Bulgari foi a mais recente ‘presa’.

por pior que seja a conjuntura económica, as marcas de luxo são dos poucos mercados que a crise não afecta. e a lvmh – dona das famosas louis vuitton, christian dior ou fendi – lidera, cada vez mais, na ‘selva’ das insígnias de luxo.

apesar do segmento de luxo estar a crescer 8% e de as previsões apontarem para um avanço até 12% nos próximos cinco anos, o target continua a ser restrito, o que tem gerado uma concorrência cada vez mais feroz entre as marcas, devido ao reduzido e concentrado número de players no mercado. «é um mundo muito restrito onde só pode haver um vencedor», diz luca solca, analista da sanford bernstein.

qual tem sido o segredo para as marcas não caírem? adquirir, fundir e concentrar tem sido a ‘receita’ do sucesso dos grupos de insígnias de luxo. e, neste campo, ninguém consegue ‘brilhar’ mais do que a francesa lvmh. esta semana, a dona da louis vuitton decidiu tornar a alargar o seu portefólio e anunciou que vai comprar a fabricante de jóias italiana bulgari por cerca de 3,7 mil milhões de euros (cinco mil milhões de dólares), naquela que será a maior aquisição da década, segundo a bloomberg, e que deverá estar concluída entre maio e junho.

com esta compra, o grupo francês segue a todo o ‘gás’ a sua estratégia de investir em várias marcas de diferentes sectores em diversos países. objectivo? «tornar os custos de alguns itens, como imóveis, publicidade e matérias-primas mais eficientes e, assim, compensar a fraqueza periódica de um segmento ou outro», adianta luca solca.

com esta estratégia, bernanrd arnault, o actual ceo da lvmh, transformou a empresa francesa na maior marca de luxo do mundo, tendo comprado posições em marcas como a donna karan ou a casa italiana gucci. depois de ter adquirido uma posição de 5% na gucci, em 1999, e de ter afirmado que não estava nos seus planos fazer uma oferta pela insígnia italiana, arnault conseguiu aumentar a posição da lvmh na gucci para 34% em apenas um mês.

a francesa hermès foi outra ‘presa’ recente da lvmh. o grupo comprou uma posição de 14,2% da fabricante das famosas malas birkin por 1,45 mil milhões de euros (dois mil milhões de dólares), sendo que a ‘fatia’ pode crescer até 17,1%.

a lvmh «está claramente ao ataque», acrescenta o analista. «neste momento, já é a maior empresa do sector e dificilmente vai perder esta posição, mas não vai ficar por aqui. ainda há muito espaço dentro do grupo para novas marcas», diz luca solca.

a aposta da lvmh em marcas de jóias, acessórios e malas não é em vão. «os sapatos, os objectos em pele e os relógios deverão liderar as vendas no segmento de luxo pelo menos até 2015», conta o analista da sanford bernstein.

china faz ‘disparar’ luxo

a nova vaga de milionários chineses é uma das principais impulsionadoras da rápida recuperação do sector do luxo. depois de, em 2009, as marcas terem enfrentado um período complicado, tendo mesmo sido obrigadas a baixar preços e, em alguns casos, levando as contas ao ‘vermelho’, o forte crescimento dos mercados da ásia está a inverter a situação. já «os consumidores de classe alta dos eua e da europa também querem gastar dinheiro, mesmo num ambiente económico mais complicado», detalha o analista.

comportamentos que acompanham as últimas previsões dos analistas para 2012, que apontam para um crescimento das vendas da louis vuitton na ordem dos 10%, enquanto as da burberry deverão aumentar em 11%. a gucci também segue esta tendência e deverá assistir a um aumento de 4% nas vendas.

 

sara.ribeiro@sol.pt