Mendes acredita que Cavaco vai aceitar remodelar

Luís Marques Mendes afastou a hipótese de o Presidente da República, na sua comunicação ao país deste domingo, vir a dizer que vai dissolver a Assembleia da República e, assim, convocar eleições antecipadas ainda este ano. O ex-líder do PSD e Conselheiro de Estado acredita que Cavaco Silva vai aceitar a remodelação governamental proposta por…

no seu comentário de sábado à noite na sic, o ex-líder do psd recordou que na comunicação de 10 de julho cavaco deixou como certo que retirar a confiança política a este governo, convocando eleições antecipadas, seria a última das possibilidades tendo em conta os riscos que esta significaria para o cumprimento do programa da troika. 

“a dificuldade vai ser explicar como é que isso voltou a estaca zero. ele vai dizer que fez tudo o que estava ao seu alcance”, ensaiou marques mendes sobre os termos em que o presidente vai justificar perante o país a manutenção deste governo, mesmo depois de não ter sido conseguido o acordo de salvação nacional entre ps, psd e cds.

de acordo com marques mendes, o presidente pode ainda repetir que “o país precisava de outra solução”, mas que manter este executivo em funções e aceitar paulo portas como vice-primeiro-ministro “é a única alternativa e a solução menos arriscada”. o ex-líder do psd avança ainda a hipótese de cavaco por este governo a “prazo e com um caderno de encargos”, tal como, recordou, “sampaio fez com santana lopes em 2004”. 

o comentador da sic alertou para o facto da comunicação de cavaco silva acontecer este domingo sem que tenha sido ouvido o conselho de estado e a poucas horas do arranque da nova semana financeira, isto é, antes de abertura dos mercados. “ele vai querer dar um sinal, já que não houve acordo, de estabilidade”, explicou. 

sobre a semana de negociações entre ps, psd e cds, marques mendes acusou o presidente da república de ter feito uma “má gestão” e de ter revelado algum “amadorismo”, numa referência às declarações “optimistas” de cavaco quando este ainda estava nas ilhas selvagens. “cavaco silva pensou que seguro ia escolher o país mas escolheu o partido. é pena mas foi isso que aconteceu”, lamentou. 

para marques mendes, os partidos “andaram a negociar para o boneco” num “exercício de hipocrisia política”. mendes aponta o dedo ao ps e ao seu líder e acusou os socialistas de não terem feito “um esforço de convergência nem de aproximação”. pelo contrário, a maioria psd/cds “partiu para este processo com má vontade, mas fez uma evolução e aceitou propostas”. 

“temos falta de políticos com qualidade e com coragem. aqui, nestas negociações, era precisa coragem”, concluiu o ex-líder dos sociais-democratas. 

(última actualização às 22h40)

ricardo.rego@sol.pt