Milhões à roda pela europa

Man. City e AC Milan não têm olhado a gastos para voltar a ganhar, mas Real Madrid e PSG perfilam-se para pulverizar todos os recordes.

Uma autêntica loucura. É a única maneira possível de descrever o mercado de transferências até agora, quando ainda falta mais de um mês para o fecho da janela de verão. Até agora, há um rei incontestado: o Manchester City. Os homens de Pep Guardiola já gastaram 238 milhões de euros em reforços. Um valor impressionante, tendo em conta toda a soma investida em toda a temporada passada: 213 – onde foram igualmente o clube mais gastador. Só na defesa, o City estourou 176 milhões: 40 em Ederson (Benfica), 51 em Kyle Walker (Tottenham), 30 em Danilo (Real Madrid) e 55 em Benjamin Mendy (Mónaco), que se tornou no defesa mais caro de sempre depois de uma época de sonho sob as ordens de Leonardo Jardim. Além do craque português Bernardo Silva, contratado igualmente aos monegascos por 50 milhões de euros.

Com o raide por Mendy e Danilo, oficializados no espaço de dois dias, o City ultrapassou o AC Milan, que até esta semana era de forma destacada a equipa mais gastadora do mercado. Os rossoneri estão há algumas épocas afastados da ribalta do futebol italiano e continental – regressaram esta época às competições europeias depois de três anos ausentes –, mas abordaram a temporada 2017/18 de forma diferente, com vista à recuperação do estatuto que já ostentaram no futebol mundial.

Agora alicerçado nos milhões provenientes da Ásia, depois do chinês Li Yonghong se ter tornado no acionista maioritário do clube, o gigante de Milão não hesitou em abrir os cordões à bolsa para dotar o plantel de reforços de qualidade comprovada, entre os quais o português André Silva. O avançado luso chegou mesmo a ser um dos jogadores mais caros do mercado, mercê dos 38 milhões de euros pagos pelo Milan ao FC Porto, mas foi sol de pouca dura. Até porque o próprio Milan viria a pulverizar esse número algumas semanas depois, ao conseguir um dos mais surpreendentes negócios do verão: a contratação de Bonucci, cotado central italiano, à rival Juventus a troco de 42 milhões de euros. Mas houve mais: Andrea Conti (ex-Atalanta, 25 milhões), Ricardo Rodriguez (ex-Wolfsburgo, 18) e Mateo Musacchio (ex-Villarreal, 18) para a defesa; Hakan Çalhanoglu (ex-Bayer Leverkusen, 22) e Lucas Biglia (ex-Lázio, 17) para o meio-campo. Ao todo, são 189,5 milhões de euros.

Para já, a primeira amostra ainda foi pálida: na estreia oficial, a contar para a terceira pré-eliminatória da Liga Europa, os rossoneri foram à Roménia vencer o Universitatea Craiova por um magro 1-0. André Silva entrou aos 66 minutos e dispôs de duas boas ocasiões para marcar, mas não teve arte nem engenho. Parece, todavia, indesmentível que esta época não se verá um Milan a terminar a Série A italiana em oitavo, sétimo ou mesmo um impensável décimo lugar, como aconteceu há duas temporadas.

Mbappé e Neymar de molho

A grande loucura, todavia, pode estar ainda por surgir. Até agora, a contratação mais cara do mercado pertenceu ao Manchester United de José Mourinho, que resgatou Lukaku ao Everton por 84,7 milhões de euros. Números impressionantes, mas quase irrisórios em comparação com aqueles que se vêm falando para as transferências de Mbappé ou Neymar.

Nesta terça-feira, a notícia bombástica do jornal Marca, tradicionalmente ligado ao Real Madrid, correu instantaneamente o mundo: já havia um princípio de acordo entre os merengues e o Mónaco para a transferência de Mbappé, uma das grandes revelações do futebol europeu em 2016/17. O valor do negócio? Uns exorbitantes 180 milhões de euros! A concretizar-se, seria de longe a transferência mais cara da história, superando em 75 milhões a mudança de Pogba da Juventus para o Manchester United na última temporada. Horas depois, todavia, fonte do clube monegasco garantiu à imprensa francesa que tal não correspondia à verdade e que o Mónaco estaria inclusive próximo de renovar contrato com a pérola de 18 anos. E a verdade é que, até ao fim desta sexta-feira, não mais se voltou a falar do tema.

Pelo contrário, cada vez ganha mais força a hipótese de Neymar assinar pelo Paris Saint-Germain por um valor ainda mais astronómico: 222 milhões de euros, precisamente o valor da cláusula de rescisão do internacional brasileiro. A imprensa francesa e brasileira já referiu em diversas ocasiões que o avançado estará mesmo disposto a assinar pelo gigante francês, e o ocorrido no treino desta sexta-feira do Barcelona, onde Neymar se desentendeu com Nélson Semedo e abandonou os trabalhos dos blaugrana, adensou ainda mais os rumores sobre a saída. Até porque, pouco depois, uma agência de viagens chinesa revelou, nas redes sociais, que o jogador teria cancelado alguns eventos comerciais que iria fazer naquele país asiático por estar «ocupado a tratar de uma transferência».

Como se vê, o recorde de maior transferência da história do futebol até pode ser batido duas vezes nos próximos dias. Consequências de um mercado louco, uma bolha que parece não parar de alargar. E ainda há Bale, que tem sido seduzido por Mourinho para voltar a Inglaterra, agora ao serviço dos Red Devils…