Monopólio desenhado à mão sobrevive à II Guerra Mundial

No monopólio desenhado por Oswald Poeck as propriedades não são as ruas mais populares de uma qualquer cidade, mas sim os edifícios do gueto de Theresienstadt onde morreram mais de 35 mil judeus até as tropas soviéticas o terem libertado em 1945

a história é contada pela cnn. a partir de um bocado de cartão, poeck, um artista checo, desenhou à mão o monopólio gueto, onde as casas do jogo eram as ruas do gueto – todas com nomes de cidades alemãs, um reflexo sombrio da realidade enfrentada pelos prisioneiros.

apesar da fome, doença e condições sub-humanas, os prisioneiros do gueto faziam tudo para tentar manter o mínimo de normalidade nas suas vidas e foi com esse objectivo que recriaram o popular jogo, para ensinar a milhares de crianças acerca da vida – e da morte – naquele triste local.

até 1939 micha e dan glass viveram com os pais na cidade checa de brno. nesse ano, com a invasão nazi, o pai foi enviado para um campo de concentração e a mãe e as crianças enviadas para a cidade de theresienstadt, uma área no norte do país onde os nazis estabeleceram o gueto para os judeus da boémia e morávia. com oito e dez anos, respectivamente, micha e dan tornaram-se íntimos da morte.

sima shacher, que dedica a sua vida a investigar theresienstadt, diz que não deve «parecer estranho que as pessoas fizessem jogos para crianças naquele local». segundo ela, era uma forma de manter vivo um sentimento de humanidade ao ajudar a tornar mais suportável a vida de crianças que tinham sido separadas dos pais.

micha glass diz que tem poucas recordações de jogar àquele jogo, mas lembra-se de o esconder e às suas peças debaixo do colchão onde dormia para que não fosse descoberto.

quando em 1945, tropas soviéticas libertaram o gueto, os irmãos e a mãe dirigiram-se para israel, levando com eles aquela especial edição do monopólio. contam que ao longo da sua infância continuaram a jogar ocasionalmente e que em adultos o guardaram como uma recordação daquilo que viveram.

há quinze anos decidiram doá-lo ao museu do holocausto em israel, onde agora permanece em exposição. dan atesta que um dos motivos que os levou a separarem-se daquela peça com tanta história é que tal jogo «é algo verdadeiramente único e que deve ser mostrado ao público para que se perceba que naqueles sítios viveram crianças que se tornaram sobreviventes».

sol