uma destas montarias, que decorreu na zona de caça municipal de alijó, contou com a participação de cem monteiros.
foi depois das inscrições e do pequeno-almoço que se deu início à caçada.
primeiro distribuíram-se os participantes ao longo de 400 hectares de montes e vales e depois soltaram-se as matilhas de cães para perseguir o rasto dos javalis.
nem a chuva, o vento ou o frio arrefecerem o ânimo destes caçadores, que tiveram que ficar quietos e em silêncio à espera das presas.
por baixo da aldeia do franzilhal, mesmo junto ao tua, o matilheiro manuel meireles correu para o meio do mato com o seu grupo de 27 cães, enquanto o monteiro carlos venâncio se posicionava junto ao rio.
ao som das águas do rio a bater contra as rochas, juntou-se aos poucos o ladrar dos cães e depois o barulho de alguns disparos, enquanto começavam a chegar as notícias de algumas presas abatidas.
foram quase três horas de espera, até que os javalis regressaram a este ponto de partida e carlos venâncio viu e matou um animal.
“conseguimos ver alguns javalis, conseguimos atingir um, correu bem a caçada”, afirmou o monteiro à agência lusa.
depois de largado o foguete que indicava o final da montaria, o caçador teve que carregar o animal até ao veículo e regressar ao ponto de partida para o “repasto final”.
carlos venâncio afirmou que é o contacto com a natureza, com a vegetação e os animais que o atrai nas caçadas.
uma paixão que é partilhada por muitos. fernando renato lopes veio de guimarães com mais três amigos para um fim de semana de caça. é pelo convívio, mas também porque considera que o “silêncio da montanha também faz bem, alivia o stress”.
mas este é também um prazer que fica dispendioso. fernando renato lopes fez as contas e entre deslocações, alojamento, alimentação, inscrição e documentação, contabilizou cerca de 200 euros que teve que gastar neste fim de semana.
“isto de caçar é uma paixão. é um bichinho que está cá dentro”, salientou fernando santos, caçador de alijó que começou a seguir o pai pelos montes aos sete anos.
agora já abrandou o ritmo, mas dantes seguia todas as semanas o calendário das montarias até à fronteira com espanha, em bragança. “é um dia de festa, de convívio, de reencontro de amigos e de fazer novos amigos”, frisou.
cansada de carregar a mochila do marido, maria nazaré decidiu tirar a carta de caçador há três anos e arranjar a própria arma.
não se importa do silêncio imposto pelas montarias porque, enquanto espera, vê a natureza a desenrolar-se à sua frente. “vemos outros bichos, outros animais que não caçamos, a passar por nós e isso é muito agradável”, sublinhou.
josé paredes, o capitão da montaria de alijó, fez um balanço “muito positivo” do dia que “rendeu” 15 javalis.
os residentes encaram estas iniciativas com agrado porque servem também para controlar a população destes predadores que “destroem” os campos de cultivo.
“eu vejo a caça como um desporto, mas também como uma grande fonte de rendimento para o concelho”, frisou josé paredes.
dos 100 monteiros, cerca de metade eram visitantes. “são homens que vêm de fora deixar cá o seu dinheiro, acabam por levar produtos regionais e o nome do concelho por aí fora. a caça só tem vantagens”, acrescentou.
o dia terminou com o leilão dos 15 animais abatidos.
lusa/ sol