MSF apresenta insolvência e põe em causa 400 postos de trabalho

Também os trabalhadores da Soares da Costa estão a pedir a insolvência da empresa devido ao atraso no pagamento de salários. 

A MSF Engenharia vai apresentar um pedido de insolvência face à indisponibilidade dos financiadores para flexibilizar condições e à falta de solução para a dívida do governo de Angola que não permitem à construtora assegurar recursos financeiros para manter actividade. A construtora tem seis meses de salários em atraso e a medida vai afetar cerca de 400 trabalhadores, revelou o Sindicato da Construção de Portugal. Já a construtora garante que ter “esgotado todas as vias para evitar este desfecho”. 

No entanto, o sindicato admite que esta situação é apenas uma entre muitas. “Estamos certos de que se não forem tomadas medidas rapidamente, mais empresas portuguesas recorrerão a processos de insolvência”, refere, garantindo que esta situação “vai contribuir para o aumento do desemprego e para uma maior emigração”.

A estrutura sindical aponta o dedo às dívidas de Angola e quer envolver os poderes políticos na resolução da questão. “Dada a grave situação de tesouraria de muitas empresas que estiveram a trabalhar em Angola e também as que por lá continuam, que é insustentável, o sindicato vai pedir uma audiência de caráter urgente ao primeiro-ministro para o sensibilizar a fim de que tome medidas diplomáticas para que empresas como a MSF Engenharia, S.A. não continuem a desaparecer”, diz ainda.

Trabalhadores da Soares da Costa pedem insolvência

Mas a MSF Engenharia não é um caso isolado. Também ontem foi revelado que os trabalhadores da Soares da Costa estão a pedir a insolvência da construtora face ao atraso dos salários. “É do conhecimento público que a Soares da Costa, depois de não pagar os salários em atraso aos seus trabalhadores (havendo situações de um ano de salários em atraso e muitos deles vivendo em situação de miséria), recorreu a um PER – Plano Especial de Revitalização, que foi aprovado. Mas passados dois meses da data em que devia começar a cumprir o estipulado nesse plano, isso ainda não se verifica por parte da administração”, diz o sindicato. 

Recorde-se que, o PER foi aprovado pelos credores em dezembro de 2017, com 79,5% de votos a favor e 16,1% contra. Este é o segundo plano apresentado pela Soares da Costa, e, ao contrário da primeira versão do documento, mereceu o acordo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que com o BCP surge entre os maiores credores da construtora. O plano prevê uma redução da dimensão do perdão de dívida face ao anterior: para a dívida não garantida a instituições de crédito e a fornecedores, na ordem dos 607 milhões de euros, a Soares da Costa obteve um perdão de 50%, enquanto aos trabalhadores (cujos créditos rondam os 50,2 milhões de euros) o pagamento terá que ser integral.