Negacionismo e insegurança 

Enquanto este negacionismo existir, enquanto o sectarismo imperar, o André Ventura bate palmas e o seu partido amealha votos.

É o tema quente da semana. Graças aos partidos extremados, e aos que não o sendo, lhes fazem as vontades na agenda de campanha 

Neste momento o histerismo político é tanto, que se mencionares que alguém foi violado por migrantes, és pior do que os alegados violadores. Se depois contactares a PJ e te confirmarem que não houve violação nenhuma, os mesmos vêm lamentar tal conclusão, porque poderia não ter sido cometida por migrantes e desse modo, serviria de exemplo quanto à vox populi ou populismo vigente. (Verídico, tudo isto se passou diante de mim).

Ora, quando em matéria de violação, tudo vale e interessa, menos a vítima… e é um rebuscado non sens da IN (Inteligência Natural).

O sentimento de insegurança é atacado, como sendo algo apenas na imaginação das pessoas. No entanto esse sentimento é algo real: no dia a dia e na consciência dessas pessoas. Negar-lhes esse direito, é surreal e fascista. Ou comunista, se preferirem, está historicamente comprovado que vai dar ao mesmo.

Atingiremos o ponto zero da sociedade, quando as pessoas tiverem medo, de ter medo. 

É também algo inaudito: ter medo, sabe-se o que é. Agora, ter medo de ter medo… é novidade.

A realidade é, que neste momento as pessoas são constrangidas de terem medo, pelos discursos de certos políticos e seus apaziguados. 

Enquanto este negacionismo existir, enquanto o sectarismo imperar, o André Ventura bate palmas e o seu partido amealha votos.

Não sei do que se queixa a esquerda, quando analisa a subida do Chega nas sondagens: é fruto do seu trabalho e cupidez. Interesse também, diga-se.

Eu convivo com pessoas de diferentes origens, desde os meus 18 anos, estou confortável com isso, sempre estive aliás. Contudo é perfeitamente normal, que portugueses que raramente saíram das suas vilas ou cidades, vendo-se rodeados de novos vizinhos, de aspeto diferente, línguas diferentes, roupas e hábitos diferentes, possam ter reações diferentes, numa fase de novidade e habituação. É um direito que estes portugueses têm. Negar-lhes isso, é negar-lhes a liberdade, é negar-lhes o 25 de abril.

Triste cinquentenário este, do 25 de abril de 1974, com os polícias na rua e os militares a ameaçarem regressar à rua. Triste cinquentenário este, quando uma pessoa tem medo de falar, para não ser acusado de fascista, xenófobo e racista.

O BE conseguiu este feito nos últimos 8 anos, o de ditar a agenda de toda a esquerda, inclusivamente boa parte do PS, para que em tudo, seja negado o 25 de novembro de 75, ou seja, conseguir colocar o Mário Soares e o Ramalho Eanes como fachos, diante do 25 de abril. Nota: para eles, o 25 de abril e o PREC são sinónimos. Cabe aos democratas, reivindicarem a separação das águas.

Onde falha a direita, é em deixar nas mãos da esquerda a festa de abril, cinquenta anos passados.

Não acredito que haja muito portugueses a desejarem uma ditadura, nem de direita, nem de esquerda. É contra eles e para isso (uma ditadura) que se batem os dois extremos da política portuguesa.

Ou seja, quanto mais o Chega subir, mais o BE tem espaço de manobra e espera vir no futuro a subir. Por outro lado, ao Chega interessa-lhe que o PS ganhe, de forma a ser uma oposição forte. Com a AD no governo, perderá força e expressão eleitoral, no futuro a médio prazo. Agora? Agora o Chega está a surfar a onda. A onda movida pela esquerda.