NSA acedeu aos servidores da Google e da Yahoo

O jornal El Mundo divulga hoje que a NSA infiltrou os servidores da Google e da Yahoo em todo o mundo, acedendo assim a centenas de milhões de contas dos utilizadores e que a espionagem norte-americana chegou ao actual papa.

nos últimos dias o jornal espanhol tem vindo a publicar documentos e informações relacionadas com as filtrações do ex-analista edward snowden, incluindo hoje detalhes sobre esse alegado acesso aos servidores das duas empresas.

um registo secreto datado de 09 de janeiro de 20133 revela que a nsa envia todos os dias milhões de registos das redes internas da yahoo e google para a sua sede, em fort meade, nos arredores de washington.

durante 30 dias, a nsa processou mais de 181 milhões de novos registos, que incluem desde informação sobre o emissor e destinatário de uma mensagem de correio electrónico até dados sobre o seu conteúdo.

o jornal refere ainda, citando uma revista italiana, que a nsa estive a vigiar o actual papa até pouco antes da realização do conclave que o elegeu.

já na sua edição de quarta-feira, o jornal referiu que portugal está entre 19 países, quase todos europeus, com quem mantém “cooperação focada” no que toca a questões de inteligência.

os documentos citados pelo jornal incluem um texto da national security agency (nsa) intitulado “sharing computer network operations cryptologic information with foreign partners” (partilha de informação de computação e criptologia operacional com parceiros estrangeiros).

esse documento divide os países em quatro níveis de cooperação, o primeiro de cooperação compreensiva (com austrália, nova zelândia, reino unido e canadá) e o segundo de “cooperação focada”, grupo do qual faz parte portugal.

os países do primeiro nível “têm demonstrado a mais próxima e mais longa aliança política e militar nos últimos anos e têm um histórico de confiança pelos seus sacrifícios e pelos riscos tomados na sua aliança com os estados unidos”, explica a nsa.

no caso do segundo nível — onde estão 20 países, 18 europeus mais o japão e a coreia do sul – a nsa “deve avaliar cuidadosamente qualquer cooperação com os países deste grupo, para aplicar um critério consistente para o benefício líquido dos interesses norte-americano”.

explica ainda que, “os países deste nível não devem ter programas de cna (ataques de computação em rede) contra os estados unidos ou seus interesses, têm que ser aliados seguros e devem ser capazes de proteger a informação classificada pelos estados unidos”.

adverte, no entanto, que esses países “podem recolher inteligência contra os estados unidos através de cne (exploração de computação em rede) e por esta razão compartilhar cne e cnd (defesa de computação em rede) o que pode às vezes representar claros riscos”

sublinha ainda que “os aliados que representem tais riscos requerem uma consideração especial antes que qualquer cooperação seja aprovada”.

o terceiro nível é o dos países de “cooperação limitada”, onde se destacam países como a frança, israel, índia ou paquistão e, finalmente, os do quarto nível reservado para os estados que “cooperam apenas excepcionalmente”.

lusa/sol