Óleo alimentar usado: o futuro do combustível da aviação?

Até 2050, 70% dos combustíveis nos aeroportos da União Europeia terão de ser ecológicos. Óleo alimentar usado é a principal fonte de biocombustível em Portugal.

Descarbonizar a aviação é uma das metas europeias mais ambiciosas para alcançar a neutralidade carbónica até 2050. O óleo alimentar usado, os resíduos agrícolas ou florestais, as algas ou certas gorduras animais poderão ser o futuro do combustível sustentável na aviação.

Algumas companhias aéreas já começaram os testes. Em 2022, o maior avião de passageiros do mundo, o Airbus A380, voou alimentado por um combustível 100% sustentável feito a partir de óleo de cozinha.

Com o objetivo de alcançar as metas para as emissões zero, a Ryanair e a Repsol assinaram, em maio deste ano, um memorando de entendimento para o fornecimento de Combustível de Aviação Sustentável (SAF) para os aeroportos da companhia aérea em Espanha e Portugal.

No que toca à produção de biocombustíveis, os dados mais recentes, publicados em 2022 pela Associação de Bioenergia Avançada (ABA), indicam que cerca de 68% dos biocombustíveis produzidos em Portugal têm origem em óleos alimentares usados.

70% dos combustíveis serão ecológicos até 2050

A nova legislação aprovada pelo Parlamento Europeu estabelece que, até 2050, 70% dos combustíveis nos aeroportos da União Europeia (UE) terão de ser ecológicos.

O regulamento obriga os fornecedores de combustível de aviação a garantirem que todos os combustíveis disponibilizados aos operadores de aeronaves contêm uma percentagem mínima de combustíveis sustentáveis para aviação a partir de 2025 e uma percentagem mínima de combustíveis sintéticos a partir de 2030. Os fornecedores de combustíveis terão de incorporar 2% de combustíveis sustentáveis para aviação em 2025, 6% em 2030 e 70% em 2050.

Fonte: Conselho da União Europeia, 2023

A partir de 2025, haverá ainda um rótulo da UE que indicará a pegada de carbono esperada de um voo por passageiro e a sua eficiência de CO2 esperada por quilómetro. Isto permitirá aos passageiros comparar o desempenho ambiental dos voos operados por diferentes companhias na mesma rota.

Objetivo 55

“Este é um passo tremendo rumo à descarbonização da aviação. É chegado o momento de os governos da UE aplicarem as novas regras e ajudarem a indústria a assegurar a implantação eficaz em termos de custos de combustíveis sustentáveis para a aviação em toda a Europa, bem como a cumprir os objetivos da UE. Não há tempo a perder. Num mundo complexo e competitivo, acredito plenamente que o ReFuelEU é uma grande oportunidade para posicionar a União Europeia como líder mundial na produção e utilização de combustíveis de aviação sustentáveis”, afirmou o relator do projeto, José Ramón Bauzá Díaz (Renew, Espanha).

A eurodeputada portuguesa Cláudia Monteiro de Aguiar (PPE) também é uma das relatoras-sombra.

As regras relativas aos combustíveis sustentáveis para a aviação – RefuelEU – fazem parte do «pacote Objetivo 55». Este é o plano da UE para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em pelo menos 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990, e garantir que a UE se torne neutra do ponto de vista climático até 2050.

diana.gomes@newsplex.pt