OperaçãoMarquês investiga irmão de Dirceu

Um irmão de José Dirceu, o braço-direito do antigo Presidente do Brasil Lula da Silva, terá sido o intermediário na venda da brasileira Vivo, que pertencia à PT, à espanhola Telefónica, por 7,5 mil milhões de euros – suspeitam os investigadores da Operação Marquês que, na quarta-feira, realizaram buscas a empresas da PT e às…

A investigação que tem José Sócrates como arguido central continua a reconstituir o circuito de transferências de dinheiro, desde a origem, que permitiram ao ex-primeiro-ministro acumular uma fortuna em contas do amigo Carlos Santos Silva. Existem indícios no processo de que parte dos 23 milhões de euros que se suspeita que Sócrates recebeu como ‘luvas’ no período em que foi primeiro-ministro possam ter sido contrapartidas de decisões que o Estado então tomou enquanto acionista direto da PT, na altura detentor de uma golden share, e como acionista por via indireta, através da CGD.

No processo, foi já ouvido, por exemplo, Paulo Azevedo, presidente da Sonae, que foi recordar as circunstâncias em que falhou a OPA lançada pelo grupo à PT, em 2006, por oposição do Estado e dos acionistas que eram figuras próximas de Sócrates, como Ricardo Salgado.

Mas os negócios centrais que estão sob investigação neste momento são a venda à espanhola Telefónica (inicialmente chumbada por Sócrates, usando a golden share) da parte que a PT tinha na brasileira Vivo. E depois as diligências que foram feitas entre Portugal e o Brasil – envolvendo outros acionistas de referência da PT como o Grupo Espírito Santo (GES) e a Ongoing, liderada por Nuno Vasconcellos, ambos acionistas da PT e figuras próximas de Sócrates – na compra da brasileira Oi por parte da PT. Suspeita-se que os negócios foram fechados depois da intervenção de José Sócrates e do então Presidente do Brasil, Lula da Silva.

As buscas de quarta-feira abrangeram ainda a sociedade de advogados de João Abrantes Serra, escritório que prestou apoio à PT, no verão de 2010, no dossiê da Vivo.

Tanto José Dirceu como o irmão, Luiz Oliveira Silva, foram condenados no âmbito do processo Lava Jato, no Brasil, que já pediu a colaboração de Portugal em relação aos negócios da PT.

O irmão de Dirceu, segundo noticiou o Público em agosto do ano passado, esteve em Lisboa em novembro de 2011, a realizar contactos com pessoas envolvidas nos negócios da PT, entre os quais Ricardo Salgado, líder do GES. Um ano antes tinha sido o próprio José Dirceu.