Optimus Alive: a última noite de todas as paixões

O terceiro dia de Optimus Alive ficou marcado pelo dilema dos espectadores na hora de escolher a que concertos assistir e a transição constante de milhares de pessoas entre o palco principal e secundário. O responsável por esta movimentação foi o cartaz mais indie e ecléctico no último dia do festival, que apelava a um…

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o dia abriu com os portugueses linda martini e, mais uma vez, o seu fiel culto de fãs acorreu ao concerto. com álbum novo a ser editado em setembro, intitulado “turbo lento”, e que celebra os dez anos de carreira da banda, o baterista hélio morais agradeceu o apoio incondicional daqueles que os acompanham deste o início. “já passaram uns anos e vocês vão-se mantendo aqui todos”. e, pelo que deu para perceber ontem no passeio marítimo de algés, a plateia de linda martini continua a crescer de dia para dia.

às 20h, os tame impala ocuparam o palco optimus e encheram o recinto com o seu rock psicadélico ‘made in’ austrália. no ano passado, quando editaram o segundo álbum, “lonerism”, foram uma das bandas mais aplaudidas a nível mundial, mas em algés o grupo liderado por kevin parker não conseguiu transportar a plateia para nenhum estado de transe.

proeza contrária tiveram os of monsters and men, twin shadow e alt-j, todos no palco heineken. os primeiros conquistaram com o seu folk-pop orelhudo e celebrativo e mereceram a primeira ovação da noite. já twin shadow, nome artístico de george lewis jr., abriu o concerto com os dois singles do último disco – ‘golden light’ e ‘five seconds’ – e a plateia rendeu-se ao seu talento natural em cima do palco. no final, george lewis jr. quis partilhar um segredo com os espectadores e disse: “os portugueses são melhores do que os espanhóis”. seguiu-se, naturalmente, uma chuva de aplausos ensurdecedora. por fim, os alt-j foram alvo, muito provavelmente, da maior aclamação da noite.

a rebentar pelas costuras, a tenda do palco heineken transformou-se durante os 50 minutos de actuação dos alt-j, vencedores do mercury prize deste ano, num santuário de devoção à banda britânica. apesar desta ter sido a terceira vez que tocaram em solo nacional (antes passaram pelo milhões de festa e vodafone mexefest), o interesse na formação inglesa não esmoreceu e as canções emotivas, de delicadeza instrumental e vocal, com o timbre quebrado de joe newman a pedir contemplação, mantiveram os espectadores presos até ao fim do concerto, mesmo depois dos kings of leon já estarem a tocar, há 20 minutos, no palco principal.

sobre os norte-americanos, que actuaram durante cerca de hora e meia, não há muito a dizer. actuação sem chama, a passar em revista alguma das canções mais emblemáticas dos kings of leon, com o som musculado das canções a garantir alguns aplausos efusivos, especialmente nos temas ‘be somebody’, ‘back down south’ ou ‘on call’. o tão esperado ‘sex on fire’ surgiu já depois do encore, como facilitismo maior para garantir uma despedida apoteótica. do novo álbum, com data de lançamento marcada para 23 de setembro, nem um tema se ouviu.

destaque ainda para django django, a mostrar mais uma vez, depois da estreia em portugal no vodafone mexefest, em dezembro, uma energia inesgotável.

no que diz respeito ao recinto, nota bastante positiva para o excelente som dos três palcos e o ‘lifting’ que o palco optimus levou, com as colunas cor-de-laranja laterais a dar mais personalidade ao festival. em jeito de balanço, o director do alive, álvaro covões, revelou que durante os três dias passaram pelo recinto cerca de 150 mil espectadores, 15 mil dos quais estrangeiros. e nos próximos 11, 12 e 13 de julho de 2014 há mais música no passeio marítimo de algés.

alexandra.ho@sol.pt