PASOK, Syriza, PSOE, Podemos: para que lado se vai virar o PS?

António Costa já leva quase duas semanas a tentar corrigir o tiro precipitado que deu ao colar-se à vitória da esquerda radical na Grécia. Um verdadeiro tiro no pé do PS, ao associar o partido ao irrealismo programático do Syriza e aos imponderáveis avanços e recuos da dupla Tsipras/Varoufakis. Que podem vir a provocar inesperados…

Costa começou por saudar efusivamente o «sinal de mudança» trazido pela vitória do Syriza. E assim lançou a confusão no seio do PS. Vitalino Canas surgiu a dizer que «na Grécia, o nosso parceiro não é o Syriza, é outro partido», do qual envergonhadamente omitiu o nome. Vital Moreira estranhou: «Julguei que as simpatias do PS na Grécia iam para o PASOK». Ao fim de alguns dias e muita barafunda ideológica, António Costa veio emendar a mão: «A verdadeira e única lição» das eleições gregas, enfatizou, é que «o PS não é, nem será, o PASOK». Única lição?! Só tira uma?! E se não será o PASOK, será quem? O dissidente e quase invisível Kidiso do infeliz Papandreu? O lunático Syriza? Costa não fez o favor de nos esclarecer.

É tal a deriva radical no PS que até Manuel Alegre, embalado pela euforia syrizista do líder, veio endeusar o Tsipras espanhol, o líder do Podemos, Pablo Iglesias: «Lembrou-me o Felipe González da juventude», disse com a voz embargada pela nostalgia. Ou seja, os socialistas portugueses já se preparam para atirar borda fora o seu histórico aliado PSOE (como estão a fazer com o PASOK). E para trocar o seu líder Pedro Sánchez pelo mais promissor Pablo Iglesias. Um dia destes, ainda vamos ouvir Alegre dizer que Rui Tavares lhe lembra 'o António Guterres da juventude'.

Assim vai a desorientação  ideológica no Rato. Alegre diz que «o PASOK cavou a sua sepultura» e Costa acusa o PASOK de ter sido cúmplice da austeridade na Grécia. 

O embaraço desta linha de raciocínio é que – tal como os socialistas na Grécia -, em Portugal foi o PS de José Sócrates que iniciou a aplicação das medidas de austeridade, que chamou a troika em desespero financeiro e assinou com ela o memorando. O PS não será o PASOK significa que Costa não será Sócrates? É isso que se deve depreender? Ou não? 

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