Plástica ao nariz só muda aparências na F1

Novo visual não traz vantagem competitiva e foi ignorado pela campeã Red Bull. Secretismo dos testes acaba neste domingo na Austrália, com o primeiro GP da nova época.

revolucionários, impopulares e feios – mas aerodinâmicos. as críticas ao design dos carros de fórmula 1, com o nariz subido e aberto, levaram à aprovação para este ano de uma peça extra opcional. mas o já famoso painel da vaidade, que visa disfarçar a estética imprópria dos monolugares, não favorece a velocidade e foi descartado por algumas equipas, como a red bull do tricampeão sebastian vettel.

o piloto alemão de 25 anos será o alvo a abater a partir de domingo, quando for dado o sinal de partida para o grande prémio da austrália, o primeiro da nova temporada (6h00, sporttv1). e, para igualar o francês alain prost como vencedor de quatro títulos na f1, a última futilidade de que precisa é de uma plástica ao carro sem ganhos competitivos associados.

«como vimos no ano passado, o campeão só foi decidido na última corrida. agora vai começar tudo do zero e todos têm as mesmas condições», declarou vettel ao perspectivar a nova batalha.

fernando alonso, derrotado em 2012 por escassos três pontos, é talvez o principal rival do alemão. nos testes de pré-temporada, o espanhol da ferrari mostrou-se entusiasmado com a resposta do novo carro, que se apresenta de nariz ‘retocado’.

«a red bull e a mclaren vão estar mais fortes, mas nós podemos aproximar-nos», comentou, embora sublinhando que os desempenhos que se viram até agora são enganadores: «é difícil julgar os rivais. na verdade, é impossível. podes assistir aos treinos do barcelona que não ficas a saber se ganham o jogo no domingo. ou podes ver o aquecimento do rafael nadal e do novak djokovic que também não percebes qual deles vai ganhar. vamos ver quem é quem na austrália».

vettel vai ainda mais longe: «penso que só saberemos um pouco mais ao fim de quatro corridas e não será mais do que uma tendência».

osecretismo dominou os 12 dias de testes na pré-época. todas as principais equipas passaram pela frente, mas as diferenças de andamento entre os homens da red bull, ferrari, mclaren, lotus e mercedes nunca foram significativas. segundo os analistas, osimples facto de os pilotos rodarem com mais ou menos combustível no depósito poderia ser a causa das distâncias.

à imagem da red bull, a operação plástica ‘patrocinada’ pela fia (federação internacional automóvel) não convenceu a lotus, que o finlandês kimi raikkonen levou em 2012 a um sensacional terceiro lugar. «opainel cosmético pesaria algumas gramas e peso desnecessário num fórmula 1 é uma maldição», alegou o director-técnico da equipa, james allison.

pauliteiros de miranda no barhain

além da ferrari, a mclaren e a mercedes optaram pelo novo visual, mais discreto. estas duas escuderias estiveram envolvidas na principal transferência, com a saída de lewis hamilton da britânica para a germânica. para o lugar do campeão do mundo de 2008, a mclaren contratou à sauber o mexicano sergio pérez, de 23 anos.

entre os que deixaram o ‘grande circo’, destaque para michael schumacher, bruno senna, timo glock, heikki kovalainen, vitaly petrov e kamui kobayashi, nomes com alguns anos de experiência e que abriram espaço a cinco estreantes.

a desistência da hrt também eliminou duas vagas. como consequência, em 2013 haverá apenas 22 pilotos nas 19 corridas, maioritariamente na ásia (8) e na europa (7). no bahrain, a 21 de abril, o espectáculo fora de pista será abrilhantado pelos pauliteiros de miranda.

rui.antunes@sol.pt