Pompidou dedica retrospetiva a Teresa Villaverde

Em paralelo ao destaque que o Centro Pompidou dá à realizadora portuguesa, “Colo” tem finalmente a sua estreia comercial nas salas francesas na próxima semana.

O Centro Pompidou, em Paris, programa, a partir desta sexta-feira, uma retrospetiva inédita à obra da realizadora portuguesa Teresa Villaverde. Até 1 de julho, serão exibidos 15 dos seus filmes, além de uma nova curta-metragem financiada pela instituição francesa.

A retrospetiva arranca com “Colo”, a última longa-metragem de ficção da realizadora, que tem estreia comercial naquele país a 19 de junho. Para lá dos seus 15 filmes a que o Centro Pompidou regressa ao longo das próximas duas semanas, estreará durante a retrospetiva, que conta ainda com uma masterclass, a curta-metragem “Où en êtes-vous, Teresa Villaverde” – a pergunta que o Pompidou coloca habitualmente aos realizadores homenageados.

Um filme que Teresa Villaverde decidiu rodar no Rio de Janeiro, durante o Carnaval, a partir do desfile da quadra da Mangueira, atravessado por questões como os direitos das mulheres e de outras minorias no Brasil, bem como a morte de Marielle Franco.

A retrospetiva à realizadora de “Os Mutantes” insere-se na tradição do Centro Pompidou em mostrar, a cada temporada, o trabalho de um realizador contemporâneo.

“Há uma cultura pictórica muito forte e os seus filmes mostram o seu interesse sobre todas as artes”, disse à agência Lusa a programadora do museu Amélie Galli. “É uma artista global que nos dá a sua visão sobre a sociedade e o mundo em que vivemos. Queremos sempre ter um realizador que conte histórias através do cinema, mas queremos também um artista que nos dê uma perspetiva sobre a contemporaneidade cinematográfica.”

Para Amélie Galli, nada na obra da realizadora portuguesa – para a qual diz não encontrar par nem noutros realizadores da mesma geração como Pedro Costa ou João Canijo – é arbitrário. “Ela não mostra nada de gratuito nos seus filmes, não mostra situações de crueldade, mostra, sim, detalhes para deflagrar essas situações. E isso faz com que o seu cinema seja digno e que as suas personagens nos toquem.”