Prostitutas baixam preços a pedido de clientes em crise

As prostitutas de rua estão a fazer descontos a pedido de alguns clientes que se queixam da crise. As Irmãs Oblatas garantem que «tudo é negociável, menos o uso de preservativo».

«os homens pedem promoções às mulheres porque dizem que já não podem pagar», conta à lusa helena fidalgo, assistente social da obra social das irmãs oblatas, que diariamente trabalha a inclusão de aproximadamente 400 prostitutas da zona de lisboa.

nas ruas, as mulheres notam que o número de clientes tem diminuído. além da redução da procura, elas queixam-se que, de vez em quando, aparecem novas prostitutas nas suas zonas.

«a prostituição funciona como a lei da oferta e da procura: quando há mais oferta, o preço baixa. e, no actual quadro de crise, é muito natural que estas situações aconteçam», explica inês fontinha, presidente da associação o ninho, que trabalha há quatro décadas com mulheres que ganham a vida nas ruas da capital.

resultado: «em caso de desespero, algumas baixam o preço. a única coisa que não é negociável é o uso de preservativo», garante a técnica das irmãs oblatas, uma obra social que tem equipas de rua que actuam em zonas como o instituto superior técnico, a rua rodrigo da fonseca ou a praça da figueira.

helena fidalgo lembra que no negócio da prostituição não existe «um preço mínimo nem um teto máximo» e por isso «os preços são muito flutuantes».

nos sítios onde a prostituição é feita maioritariamente por transexuais a crise também já se sente. cristina piçarra, da equipa de rua da associação panteras rosas, diz que quem vende o corpo na zona do conde redondo se queixa exactamente do mesmo.

apesar da crise, a presidente da associação o ninho não tem dúvidas: «a prostituição move milhões. faz circular mais dinheiro que o tráfico de droga e rivaliza com o tráfico de armas». e talvez seja por isso, arrisca inês fontinha, quem anda nesse mundo seja «sempre esquecido», «sempre ignorado».

lusa / sol