Psicologia e nutrição no SNS aceitam contributos até ao fim do mês

Pelo menos um psicólogo na liderança clínica dos centros de saúde e serviços de nutrição em todos os hospitais são algumas das propostas

É necessário um reforço dos psicólogos nos cuidados de saúde primários e mais trabalho em equipa, com alargamento de consultas e outras intervenções na área de psicologia que devem dar prioridade a situações de depressão e ansiedade.

Esta é uma das recomendações do grupo de trabalho que organizou uma proposta de prestação de cuidados nesta área no SNS, que está em discussão pública até ao final do mês. O dia 31 de agosto é também o prazo final para a entrega de contributos em torno da proposta da criação de serviços de nutrição em todas as instituições do SNS, desta feita uma proposta da Ordem dos Nutricionistas acolhida pelo ministério da Saúde.

Estas são duas áreas distintas na organização dos serviços de saúde pública que prometem, assim, desenvolvimentos nos próximos meses.

O grupo de trabalho mandatado em novembro do ano passado para estudar a oferta de psicologia no SNS propõe mesmo que a liderança clínica dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) passe a incluir um elemento da equipa de psicologia, “para articulação e planeamento estratégico integrado da intervenção psicológica de proximidade.” Parte da análise do grupo de peritos consistiu num inquérito feito em maio junto dos psicólogos do SNS e que contou com 241 respostas, uma taxa de adesão de 26,1% tendo em conta os 917 psicólogos do SNS. Ainda assim, as respostas sugerem que a maioria dos profissionais considera que o plano de atividades de psicologia nos cuidados primários face aos recursos existentes poderia estar melhor adaptado, situação que se repete nos hospitais. E embora tenham uma visão positiva do trabalho, alguns profissionais consideram que falta colaboração e mais meios para acompanhamento de estágios nas instituições. Uma proposta dos peritos é uma quota anual para acolher psicólogos estagiários no SNS. O relatório revela ainda que as perturbações de ansiedade são as situações mais acompanhadas pelos psicólogos, mas destacam-se ainda situações de luto, vítimas de violência doméstica e perturbações bipolares, frisando-se a necessidade de trabalho na comunidade, incluindo consultas psicológicas no domicílio para apoio a acontecimentos da vida, adesão a medicamentos e autocuidados.

No campo da nutrição, a proposta da Ordem procura responder melhor a uma realidade nacional em que 50% da população sofre de excesso de peso e 11,7% da população tem diabetes, ao mesmo tempo que até 14,9% dos doentes chegam aos hospitais em estado de desnutrição. Os nutricionistas defendem que o serviço de nutrição deverá ser autónomo, dependente do diretor clínico, com competências variadas consoante o tipo de instituição. Poderão estudar, por exemplo, os desequilíbrios alimentares geradores de doença na comunidade e intervir ao nível da saúde pública. Nos hospitais, propõem-se consultas de nutrição associadas a diferentes especialidades ou participar no planeamento do fornecimento de refeições.