Recomendação da troika é ‘barbaridade’

O secretário-geral da CGTP classificou hoje como «uma barbaridade» que «o povo português não pode aceitar» a recomendação da ‘troika’ para que o sector privado também corte salários.

a missão conjunta da comissão europeia, banco central europeu e fundo monetário internacional defendeu na quarta-feira que «os salários do sector privado deverão seguir o exemplo do sector público e aplicar reduções sustentadas».

para carvalho da silva, a questão de fundo já nem é «se o governo vai aceitar ou não a recomendação: acho que é altura de o povo não aceitar», sublinhou, apelando à participação na greve geral de 24 de novembro.

o dirigente sindical falava no fundão, no final de um plenário na escola eb 2,3 joão franco.

a recomendação da ‘troika’ não é solução, referiu, porque não cria riqueza que permita pagar a dívida, tal como «os sacrifícios já impostos não pagam um cêntimo», destacou carvalho da silva,

para o líder da cgtp, vivem-se «tempos de loucura colectiva. era preciso demonstrar que a terra é quadrada para se chegar à conclusão que alguém pode pagar melhor as dívidas empobrecendo. o caminho é exactamente o oposto».

o líder sindical criticou também os elogios do representante do fmi, poul thomsen, ao impacto da introdução de mais meia hora de trabalho diária no sector privado.

para o dirigente, o país assemelha-se a «um cordeiro conduzido para o matadouro e que por ir tão rápido e mansinho, é aplaudido. já chega de aplausos», sublinhou.

carvalho da silva considerou ainda «afrontoso» que a ‘troika’, «sem mandato de ninguém, entre pelos países e se dê ao luxo de dar entrevistas e dizer publicamente o que os governos devem fazer. isso já entrar no campo da soberania dos países», referiu.

por outro lado, destacou que as declarações da ‘troika’ estão «em contradição» com os discursos do presidente da comissão europeia, durão barroso, e do presidente dos estados unidos da américa (eua), barack obama.

durão barroso pediu na quarta-feira «uma mudança radical» de políticas, enquanto barack obama, numa visita à austrália, «pediu à europa que encontro caminhos para sair da crise».

declarações após as quais «surgem os burocratas em representação dos credores e agiotas e receitam mais do mesmo», concluiu.

lusa/sol