Reserva de lítio em Trás-os-Montes garante dez anos de exploração

Empresa australiana Dakota Minerals confirma a existência de jazidas de 10,3 milhões de toneladas

A Dakota Minerals confirmou ontem que Portugal tem uma das maiores reservas de lítio da Europa. O lítio é usado no fabrico de baterias a utilizar na indústria automóvel e no armazenamento de eletricidade.

De acordo com a empresa australiana, as mais de 50 perfurações feitas em 2016 em Cepeda, Montalegre, detetaram a existência de jazidas estimadas em 10,3 megatoneladas (milhões de toneladas) de pegmatite (rocha).

“Cepeda representa agora o maior recurso de lítio num depósito de lítio-césio-tântalo em pegmatite na Europa”, lê-se no comunicado publicado ontem no site da empresa.

Para chegar até ao uso do lítio para baterias, a rocha é extraída do solo, de forma mecânica, e depois enviada por tapetes rolantes para várias fases de trituração e peneira. Passa depois por um processo de pré-flutuação que dá origem a uma polpa que segue para uma lavagem dos elementos. Este composto é depois seco e filtrado, sendo transformado em carbonato de lítio ou hidróxido de lítio.

O comunicado acrescenta ainda que “os resultados preliminares dos testes metalúrgicos indicam a hipótese de produzir” derivados de lítio com métodos convencionais e a empresa espera provar com a restante investigação, “que deverá terminar em abril/maio”, ser possível obter “carbonato de lítio em grau adequado à produção de baterias para o mercado na Europa”.

De acordo com o CEO da Dakota Minerals, David Frances, este “anúncio de recursos capazes de sustentar uma mina com uma via útil de mais de dez anos” representa “um marco importante na nossa estratégia para nos tornarmos fornecedores sustentáveis do mercado de lítio na Europa”.

A empresa australiana vai investir, até 2019, entre 185 milhões e 370 milhões de euros na extração e processamento de compostos de lítio para fazer baterias em Cepeda.

O minério será processado no local com recurso à energia hídrica e serão usados camiões elétricos para fazer chegar o produto às fábricas europeias, explicou David Frances no final de janeiro, citado pelo “Jornal de Negócios”. A concentração da extração e tratamento no mesmo local tem como objetivo reduzir as emissões poluentes.

Em novembro de 2015, a Dakota Minerals tinha anunciado que 2019 “coincide com a abertura de várias fábricas de baterias de lítio na Europa e a conclusão da expansão de capacidade nas atuais”. Magalhães Afonso