Ruanda. À terceira, Kagame vence com 99% dos votos

Participação rondou os 90%, segundo os números oficiais. 

Ninguém aposta contra Paul Kagame no Ruanda e com razão. O antigo chefe de guerrilha concorreu praticamente sem opositores às eleições de sexta e este sábado foi declarado o previsível vencedor, com 99% dos votos e, segundo os dados oficiais, mais de 90% de participação eleitoral.

Kagame, que governa o Ruanda sem permitir uma oposição saudável há 17 anos, concorreu após uma revisão constitucional abolir o limite de dois mandatos para o presidente do país. Os seus opositores eram Frank Habineza, do Partido Verde, e o independente Philipp Mpayimana, nenhum verdadeiramente conhecido.

E aqui reside parte do segredo da vitória de Kagame. Todos os candidatos que pudessem arriscar o seu governo no país de 12 milhões de habitantes foram impedidos de concorrer, alegadamente por irregularidades burocráticas, como foi o caso de Diane Rwigara, uma célebre ativista dos direitos humanos.

Kagame, apesar de tudo, é de facto uma figura adorada no país e por estes dias colhe ainda os frutos da estabilidade do pós-genocídio, quando, em 1994, cerca de 800 mil pessoas morreram fruto dos confrontos entre hutus e tutsis. O referendo convocado para lhe permitir um novo mandato foi aprovado com 98% dos votos.

“É mais um mandato de sete anos para lidar com os temas que afetam os cidadãos e assegurar que nos tornamos cidadãos do Ruanda em verdadeiro desenvolvimento económico”, disse Kagame num discurso televisivo. Nas últimas eleições, em 2013, Kagame venceu com 93% dos votos.